segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Proseando sobre... 11-11-11



 A expectativa em torno do 11 de Novembro de 2011 com relação a profecias e superstições motivou a concepção de um longa metragem de horror. Sua divulgação despertou curiosidade, sua temática também, e alguns aguardaram o tal filme “11-11-11” com certo interesse. A tentativa de se fazer terror com esta numerologia marcou o projeto constrangedoramente, graças a uma direção espanada, forçando sustos e cenas obscuras, e desenvolvendo uma história cujo potencial religioso, propagado num sentido crítico, mostrou-se propenso a finalidade polêmica sem grandes embasamentos. A reviravolta final, atributo constituído na série “Jogos Mortais”, residência de seu diretor, perde a força tamanha fenda de sua narrativa.

Legitimamente datado, este longa escrito e dirigido por Darren Lynn Bousman vem arrecadar alguma grana nas bilheterias para em poucas semanas ser completamente esquecido. Destino previsível. Vale até recordações: “Número 23” de Joel Schumacher é inevitavelmente lembrado. A obra desenrola-se fazendo constantes referências ao número 11, desde horários, datas, número de salas e apartamentos. Essa ordenação motiva a obsessão de seu protagonista, o famoso escritor Joseph Crone (Timothy Gibbs), um niilista transtornado por uma tragédia familiar que assombra suas noites com pesadelos.

A cena de abertura é um convite aos temores de Joseph. Terrores noturnos, imagens de chamas, gente no meio delas. Recorrentes sonhos que o atormentam, lhe obrigando a encontrar qualquer controle em pílulas. Sem saída, o cara freqüenta grupos de ajuda, tenta escrever um novo livro e flerta com uma estranha garota – essa nunca diz a que veio. Quando recebe a notícia de que seu pai está com os dias contados na Espanha, viaja até o país para revê-lo e enfrentar um passado abrupto que nos é temporariamente privado.

Desdobram-se especulações sobre os segredos dessa família. O irmão de Joseph, Samuel (Michael Landes), dedicado à religião, leva a palavra à comunidade, acreditando num acréscimo de seguidores da doutrina. O embate entre a descrença e a fé persiste em pelo menos dois atos sem conceitos, exprimindo opiniões como aversão voluntária. Em volta disso, sombras e representações aterrorizantes garantem um clima sombrio, contando com uma fotografia escurecida, esperando uma luz reveladora daquela cegueira aflita e incerta.

Imagens aparecendo em gravações, nos espelhos, na penumbra, juntamente a aparições repentinas de personagens hostis, buscam surpreender seu espectador – é a velha fórmula, mas muito mal utilizada. Há passagens que até dão fôlego a história, porém são sabotadas rapidamente quando o filme, quase se convertendo em um romance investigativo, busca aqui e ali algum susto. Sem sucesso, o diretor insere outro artifício a trama, um labirinto cuja única proposta é servir de alusão à busca de Joseph pela verdade. De melhor, o longa de Lynn Bousman oferece uma piada recordando “Louca Obsessão” e atuações controladas. O clímax sugere uma grande revelação, como às crenças sobre a data. Ela passou e nada aconteceu, igualmente o filme: esperado, passageiro e subitamente ignorado. 


2 comentários:

  1. hahaha! Post interessante...
    Nossa, amei isso aqui, adoro cinema, rolou uma identificação a primeira vista ehehe!
    =)
    Visite-me, bjs

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