segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Proseando sobre... Larry Crowne - O Amor Está de Volta


“Larry Crowne - O Amor Está de Volta” poderia ser resumido num trabalho o qual dois grandes nomes de Hollywood permitiram se divertir descompromissadamente, tentando ainda trazer alguma boa mensagem altruísta, prova da tamanha fé que Tom Hanks aparenta depositar na humanidade. Ao lado do astro, Julia Roberts se insere na trama em mão oposta a do personagem Larry Crowne (Hanks), vivendo uma professora azeda que leciona oratória, levando uma vida infeliz se entregando ao álcool para esquecer as frustrações cotidianas e do marido (Bryan Cranston) que passa os dias em casa vendo fotos pornôs. Nem tudo é fácil, na verdade, pouca coisa é, mas encarado de outra forma, costumam melhorar, principalmente com um sorriso no rosto e bons costumes. Isso é o que parece motivar Larry Crowne e é a lição propagada por seu longa.

Hanks não apenas protagoniza, mas também assina o roteiro e dirige – é seu segundo filme por trás das câmeras, o primeiro foi “The Wonders - O Sonho Não Acabou” em 1986. Cativando logo nas cenas iniciais, conheceremos um homem de meia idade dedicado ao trabalho num supermercado com muito humor e graça, é sempre favorito ao reconhecimento de funcionário do mês. Mas por não ter um curso universitário, a empresa entende que seu futuro ali está condenado e decide demiti-lo. Uma surpresa, um susto, uma ação que causa uma reviravolta em sua vida obrigando-o a tomar outros rumos, tentar outras opções; mal sabia ele que se tratava de um golpe de sorte do destino.

Simplista e de lógica demasiadamente otimista, este trabalho fere a dignidade de seus protagonistas ao transformarem sérios problemas em banalidades, como se tudo se resolvesse com tremenda facilidade, umas aulas e amigos com motos. Entende-se que é preciso se apegar a algo, viver da melhor maneira possível, mas tais idéias quando chocadas com a realidade frustra. Nem todos teriam a mesma sorte que Larry Crowne. As pessoas estão mais para a professora Mercedes Tainot, cheio de exigências, com problemas diários e infelicidades perturbadoras. Não se resolve apenas mudando, mas com bastante esforço, algo tirado de letra por Crowne. É um conto de fadas baseado no atual momento econômico americano? Se for, o filme é brilhante. Mas é preciso ter a alma do personagem de Hanks para crer nisso.

Vencendo pela simpatia de Tom Hanks e Julia Roberts, dois astros que figuraram nos anos 90 como os mais bem sucedidos, o longa encaminha ao público uma mensagem confortadora e esperançosa. Após trabalharem juntos em “Jogos do Poder” de 2007, a dupla volta a atuar nesta comédia romântica despretensiosa e divertida – o que garante sua validade. E este mundo de fantasia proposto por Hanks que muito embora nos pareça distante, é inspirador, servindo como meta para a humanidade. Os amigos contribuem, a educação encaminha e o amor nasce nesse percurso, ambientações diferentes complementares, esticando a trama e fazendo coisas acontecerem. Seria possível se realizar enquanto um chapeiro numa lanchonete durante toda a vida? Kevin Spacey no esplendoroso “Beleza Americana” procurou uma aspiração semelhante num Fast Food, mas lá as decisões foram provenientes de outras consequências. É bom sonhar. Ao sair desta sessão, tudo volta a normalidade, mas com um estranho sorrisinho de satisfação. 

Um comentário:

  1. Comigo foi o contrário: fui ao cinema com um enorme sorriso no rosto, e sai de lá com cara de peixe morto.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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