sábado, 24 de setembro de 2011

Proseando sobre... Sem Saída



De cara, “Sem Saída” enfrenta um preconceito de alguns públicos: Taylor Lautner está no elenco e é a estrela. No entanto, Alfred Molina, Maria Bello e Sigourney Weaver também estão e compensam. A velha escola se destaca, mas trata-se de um filme que atende a demanda juvenil, portanto o investimento recai sobre a nova safra hollywoodiana, exibindo não só Lautner como também a atriz e apresentadora teen Lily Collins, filha do cantor Phil Collins. Resta ao público mais exigente aceitar. O longa é eletrizante, abarrotado de ação cujos finalmentes terminam constantemente em indagações, tanto para os personagens quanto para o espectador. Dirigido pelo indicado ao Oscar John Singleton, esta obra promete faturar nas bilheterias não pelo que propõe, mas por quem exibe... e como exibe.

Migrando por gêneros, o filme abre trazendo o dia a dia de Nathan com certo humor, adepto de aventuras radicais junto a amigos e entregue as bebedeiras em festas estudantis. Notamos sua atração por Karen e sua dificuldade em se aproximar da moça. Logo mais ele está num setting terapêutico sendo atendido pela Dra. Bennett, relatando um contínuo sonho que deixaria qualquer psicanalista aturdido, mas seu discurso logo é ignorado pela terapeuta. O drama de uma vida se acentua. Em outro instante, ele luta violentamente com o pai no que parece ser um treino bastante natural e rotineiro quando percebemos a passividade de sua mãe Mara, assistindo os socos e pontapés entre pai e filho. Algo está errado e o drama que se formava converte-se em ação eletrizante a partir de uma descoberta.  

Roteirizado pela dupla Shawn Christensen e Jeffrey Nachmanoff, o filme não se prende a um potencial dramalhão sobre indagações de identidade, numa diretriz próxima a de “Identidade Bourne”, e tampouco por perdas familiares. O importante é dar motivo para pancadarias imediatamente após recentes descobertas sobre um passado impensável quando o protagonista se descobre num site de desaparecidos. Em busca da verdade, Nathan encara missões impossíveis e torna-se um amador duríssimo de matar, alguém incapaz de perder uma gota de sangue e isso não é um elogio. Um ode ao público masculino, mas também tem algo para cativar as garotas presentes, um intrigado romance e Lautner sem camisa. Sim, de novo, isso já se tornou marca por onde ele passa.

É impossível não perceber que este novo astro não é inexpressivo apenas na série “Crepúsculo”, mas se mostra completamente sem vigor ao assumir o protagonismo nesta empreitada ao viver um jovem durão, temperamental, que vive uma relação singular com os familiares e mantém um encantamento pela vizinha e colega de sala. O ator recorre a expressões sérias e olhar cerrado pretendendo, de alguma maneira, revelar um ímpeto agressivo recalcado, nos levando a crer, ainda que desconfiados, a consagração de um provável novo grande nome dos filmes de ação. Enquanto isso, no mesmo ritmo, Lily Collins agrada pela simpatia, mas pouco acrescenta a trama com sua Karen frágil e obstinada. 

Dirigido de maneira despudorada por John Singleton, “Sem Saída” externa limitações narrativas quando as resoluções ganham novas perguntas, desviando o foco e consequentemente a lógica da história. Algumas seqüências deixam dúvidas sobre o que padeceu na sala de edição, por exemplo durante uma fuga, a ciência de Karen sobre assuntos íntimos anteriormente negados por Nathan. Claramente dedicado em promover Taylor Lautner, o diretor não economiza em planos que transformam seu personagem em ícone enérgico com combates freqüentes e aventuras movimentadas, herança maneirista de John McClane da franquia “Duro de Matar” – a maioria das cenas foram executadas pelo próprio ator dispensando dublês.

Sem surpresas, “Sem Saída” é diversão passageira e esquecível cujo roteiro raso não dá credibilidade a personagens encarnados por grandes nomes do cinema. Weaver oferece dignidade a psiquiatra, mas é esquecida durante boa parte da projeção; já Alfred Molina assume o papel de um agente da CIA gerador de desconfiança, mas isso nunca é trabalhado pelos roteiristas. No final, resta apreciar o sueco Michael Nyqvist de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” vivendo um antagonista implacável, duelando com o personagem de Molina. E também, aos sarcásticos, se divertir com o lobisomem da saga Crepúsculo, já estigmatizado pelo papel do filme dos vampiros, esforçando-se para parecer de alguma forma ameaçador com músculos, cara feia e sem nenhuma ferida.


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