
Hanks não apenas protagoniza, mas também assina o roteiro e dirige – é seu segundo filme por trás das câmeras, o primeiro foi “The Wonders - O Sonho Não Acabou” em 1986. Cativando logo nas cenas iniciais, conheceremos um homem de meia idade dedicado ao trabalho num supermercado com muito humor e graça, é sempre favorito ao reconhecimento de funcionário do mês. Mas por não ter um curso universitário, a empresa entende que seu futuro ali está condenado e decide demiti-lo. Uma surpresa, um susto, uma ação que causa uma reviravolta em sua vida obrigando-o a tomar outros rumos, tentar outras opções; mal sabia ele que se tratava de um golpe de sorte do destino.
Simplista e de lógica demasiadamente otimista, este trabalho fere a dignidade de seus protagonistas ao transformarem sérios problemas em banalidades, como se tudo se resolvesse com tremenda facilidade, umas aulas e amigos com motos. Entende-se que é preciso se apegar a algo, viver da melhor maneira possível, mas tais idéias quando chocadas com a realidade frustra. Nem todos teriam a mesma sorte que Larry Crowne. As pessoas estão mais para a professora Mercedes Tainot, cheio de exigências, com problemas diários e infelicidades perturbadoras. Não se resolve apenas mudando, mas com bastante esforço, algo tirado de letra por Crowne. É um conto de fadas baseado no atual momento econômico americano? Se for, o filme é brilhante. Mas é preciso ter a alma do personagem de Hanks para crer nisso.
Vencendo pela simpatia de Tom Hanks e Julia Roberts, dois astros que figuraram nos anos 90 como os mais bem sucedidos, o longa encaminha ao público uma mensagem confortadora e esperançosa. Após trabalharem juntos em “Jogos do Poder” de 2007, a dupla volta a atuar nesta comédia romântica despretensiosa e divertida – o que garante sua validade. E este mundo de fantasia proposto por Hanks que muito embora nos pareça distante, é inspirador, servindo como meta para a humanidade. Os amigos contribuem, a educação encaminha e o amor nasce nesse percurso, ambientações diferentes complementares, esticando a trama e fazendo coisas acontecerem. Seria possível se realizar enquanto um chapeiro numa lanchonete durante toda a vida? Kevin Spacey no esplendoroso “Beleza Americana” procurou uma aspiração semelhante num Fast Food, mas lá as decisões foram provenientes de outras consequências. É bom sonhar. Ao sair desta sessão, tudo volta a normalidade, mas com um estranho sorrisinho de satisfação.
Comigo foi o contrário: fui ao cinema com um enorme sorriso no rosto, e sai de lá com cara de peixe morto.
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