terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Proseando sobre... Muita calma nessa Hora 2



O primeiro Muita calma nessa Hora, lançado em 2010, trazia todos os artifícios mais clichês e convencionais para explorar o humor dos vários humoristas contratados. Na época, o cartaz trazia a seguinte frase: “os maiores craques do humor nacional reunidos num filme imperdível”. Muitos de fato estavam lá reunidos em momentos distintos, quase em pontas, num filme que poderia ser tranquilamente ignorado. Salvo por alguns raros bons momentos, geralmente protagonizados por Marcelo Adnet, a obra de Felipe Joffily sofria pra ser relevante num cenário onde as comédias globais já estavam gastas e pouco inventivas. A coisa toda se repetiu nessa sequência caça níquel, reunindo ainda mais atores. Estes quase não couberam no cartaz de divulgação. 

Retornam as protagonistas Tita (Andreia Horta), Aninha (Fernanda Souza), Mari (Gianne Albertoni) e Estrella (Debora Lamm). Dessa vez nada de casamento ou de auto descobertas num roadmovie vil. Elas estão com as vidas relativamente encaminhadas e se encontram num grande festival de música no Rio de Janeiro – novamente a trama se passa sob o sol escaldante em meio a exuberância carioca –, em uma espécie de Rock in Rio que reúne todos os gêneros. Referências e gozações sobram, especialmente para a turma do dito sertanejo universitário que tem um representante grotesco vivido por Bruno Mazzeo, estereotipado tal como vários seres horrendos que fazem sucesso em rádios com composições boçais. Outros também sofrem com zombarias.

O roteiro requentado visa quase que unicamente abrir margens para um mar de piadas em relação a quase tudo. E não estranhe quando perceber piadas repetidas. As garotas que tinham maior relevância no longa anterior quase perdem espaço nesse. Cada ator tem um bom tempo para fazer graça. Despretensioso do início ao fim, não dá pra esperar que o filme venha tratar profundamente de algumas questões que às vezes levanta, além disso não explana adequadamente as relações que propõe e investe em diferentes tramas sem dar forma a elas. A cena do sequestro, por exemplo, me parece absolutamente despropositada, existindo como uma gordura extra, tornando o apego de Estrella – novamente absurdamente irritante com sua leveza e frases feitas – com uma planta algo impreterivelmente previsível.

O fato é que Muita calma nessa Hora 2 é um filme ruim, bem ruim, mas com potencial para tirar alguma risada do público sedento por humor e trama descompromissada, ainda que no meio irá se deparar com pitadas de romance e drama. É como se um grupo de amigos se reunisse num final de semana, apoiados numa produção abalizada, para rodar um filme sem qualquer preocupação com roteiro, desejando unicamente divertir o espectador. Rala pra conseguir isso. É uma grande apresentação de mímicas, sátiras, imitações e piadas em portunhol. Marcelo Adnet  satiriza o paulistano, retorna com seu Augusto Henrique e abusa do sotaque. Um circo está montado improvisado com palhaços que não são tão engraçados. É um pastelão nacional travestido de cultura pop.


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