O primeiro Muita calma nessa Hora, lançado em 2010, trazia
todos os artifícios mais clichês e convencionais para explorar o humor
dos vários humoristas contratados. Na época, o cartaz trazia a seguinte
frase: “os maiores craques do humor nacional reunidos num filme
imperdível”. Muitos de fato estavam lá reunidos em momentos distintos,
quase em pontas, num filme que poderia ser tranquilamente ignorado.
Salvo por alguns raros bons momentos, geralmente protagonizados por
Marcelo Adnet, a obra de Felipe Joffily sofria pra ser relevante num
cenário onde as comédias globais já estavam gastas e pouco inventivas. A
coisa toda se repetiu nessa sequência caça níquel, reunindo ainda mais
atores. Estes quase não couberam no cartaz de divulgação.
Retornam as protagonistas Tita (Andreia Horta), Aninha (Fernanda
Souza), Mari (Gianne Albertoni) e Estrella (Debora Lamm). Dessa vez nada
de casamento ou de auto descobertas num roadmovie vil. Elas estão com
as vidas relativamente encaminhadas e se encontram num grande festival
de música no Rio de Janeiro – novamente a trama se passa sob o sol
escaldante em meio a exuberância carioca –, em uma espécie de Rock in
Rio que reúne todos os gêneros. Referências e gozações sobram,
especialmente para a turma do dito sertanejo universitário que tem um
representante grotesco vivido por Bruno Mazzeo, estereotipado tal como
vários seres horrendos que fazem sucesso em rádios com composições
boçais. Outros também sofrem com zombarias.
O roteiro requentado visa quase que unicamente abrir margens para um
mar de piadas em relação a quase tudo. E não estranhe quando perceber
piadas repetidas. As garotas que tinham maior relevância no longa
anterior quase perdem espaço nesse. Cada ator tem um bom tempo para
fazer graça. Despretensioso do início ao fim, não dá pra esperar que o
filme venha tratar profundamente de algumas questões que às vezes
levanta, além disso não explana adequadamente as relações que propõe e
investe em diferentes tramas sem dar forma a elas. A cena do sequestro,
por exemplo, me parece absolutamente despropositada, existindo como uma
gordura extra, tornando o apego de Estrella – novamente absurdamente
irritante com sua leveza e frases feitas – com uma planta algo
impreterivelmente previsível.
O fato é que Muita calma nessa Hora 2 é um filme ruim, bem
ruim, mas com potencial para tirar alguma risada do público sedento por
humor e trama descompromissada, ainda que no meio irá se deparar com
pitadas de romance e drama. É como se um grupo de amigos se reunisse num
final de semana, apoiados numa produção abalizada, para rodar um filme
sem qualquer preocupação com roteiro, desejando unicamente divertir o
espectador. Rala pra conseguir isso. É uma grande apresentação de
mímicas, sátiras, imitações e piadas em portunhol. Marcelo Adnet
satiriza o paulistano, retorna com seu Augusto Henrique e abusa do
sotaque. Um circo está montado improvisado com palhaços que não são tão
engraçados. É um pastelão nacional travestido de cultura pop.
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