Gestação, período tão belo que
envolve tantas e importantes descobertas. Mentira. Eis uma fase de sofrimento,
chateação, deformidades e irritações, mas importante e verdadeiramente nobre. Explorar
todos os problemas acarretados pela gravidez e demonstrar a beleza que pode ser
retirada dela é o que “O Que Esperar Quando Você Está Esperando”
procura fazer com humor. Não que esse último funcione.
O filme é baseado
num best-seller homônimo de Heidi Murkoff e o roteiro escrito por Heather Hach e Shauna Cross busca trazer diferentes percalços da
gravidez e mergulha na vida de alguns casais angustiados por estarem próximos
do parto. A montagem dinâmica tenta ordenar a bagunça, não há um protagonista
definido e tampouco um bom condutor da trama – aí percebemos o talento de Alejandro
González Iñárritu em trabalhar com histórias paralelas. Quem assume a direção
aqui é Kirk Jones da refilmagem “Estão todos bem”. O diretor
cria situações para favorecer piadas e gags, não contribuindo com o tema retratado,
servindo mais como um alívio ao drama proposto por alguns personagens.
Dentre as
histórias contadas, questões familiares emergem de uma maneira leve, com os
conflitos postos em cena servindo como auxílio aos direcionamentos, possibilitando
a comoção do público adquirindo ciência que, ao final, há sempre uma mão ali
apoiando apesar de qualquer pesar. Assuntos como circuncisão, disputa entre pai
e filho, exercícios físicos, corpo perfeito e teorias sobre amamentação dão
suporte a narrativa e profundidade rasa a alguns personagens. Há outros que nem
nos lembramos que existiam em suas quase três horas de duração. Exagero meu, o
filme tem 110 minutos, mas é como se tivesse bem mais.
Cameron Diaz, Dennis
Quaid, Jennifer Lopez e Elizabeth
Banks são alguns dos nomes famosos no elenco. Cada qual com suas
histórias, essas ganharão importância maior segundo a projeção de quem assiste,
por ter vivido ou estar vivenciando um caso semelhante, ou por pura
identificação. Um dos melhores casais retratados que carrega potencial para um filme
solo é Holly (Lopez) e Nate (Rodrigo Santoro). Ambos procuram
viabilizar uma adoção de um bebê etíope, mas encontram resistências sociais e
pessoais. Nate é quem mais sofre, aflito com a possibilidade de ser
pai repentinamente, chega a buscar conforto num grupo de pais que passeia aos
finais de semana num parque com um arsenal de brinquedos e mamadeiras. Outra
boa história se dá na idéia da condenação da beleza, as deformidades que podem
acontecer com o corpo da mulher. Skyler (Brooklyn Decker), esposa do bem
sucedido ex-piloto Ramsey (Quaid), é jovem e detém uma silhueta invejável. Disciplinada,
faz todos os exercícios recomendados para uma sadia maternidade. Uma injeção de
esperança e ânimo para algumas mães.
Já a tentativa de
se fazer humor é nula, pouquíssimas piadas são aproveitadas nesse filme
abarrotado de subtramas que transitam entre si, apresentando diversos casais
vivenciando juntos os períodos da gestação, sobrevivendo a todos os problemas
ocasionados pela espera de um bebê. Tem a angústia originada pela ânsia do
nascimento, os cuidados necessários que contribuem com a saúde, o estresse
graças aos hormônios, dores e o afastamento ou união entre casais motivados pela
vivência do período. É pouco para a validade comercial da obra que lhe
inspirou, é minúsculo para o cinema mesmo sem grandes pretensões de se tornar
maior do que verdadeiramente é.
Fraquissimo, mas serve pra aquela tarde de chuva em que você não possui nada pra fazer. E o Marcelo, mesmo nos textos mais breves, continua sendo ótimo ;)
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