Mais ágil e vibrante que o
anterior, O Hobbit: A Desolação de Smaug
é capaz de unir algumas pontas e dar continuidade ao arco dramático dos eventos
passados sem prejudicar a história e o ritmo, anexando ainda alguns bons
personagens. É inevitável não querer fazer referência a obra prima O Senhor dos Anéis. A presença de
alguns personagens – que não constam na obra original – e menções passageiras a
outros serve como nostalgia e oportunidade de fazer o espectador gostar mais desta
nova saga. No entanto a duração longa, muito embora seja dinâmica e divertida,
arrasta-se com planos desnecessários. Há subtramas perfeitamente dispensáveis
que nos fazem questionar o rumo da franquia e o interesse maior de Peter
Jackson. Aos saudosistas, o filme é uma lástima! Aos que não se importam muito
com fidelidade em adaptações o filme é uma deliciosa aventura!
Bilbo segue juntamente aos anões rumo
ao Reino Perdido dos Anões de Erebor. São várias as aventuras e embates mortais
pelo caminho, semelhante ao longa anterior. Nesse há mais ação, bem mais! O
espetáculo visual garante o interesse do espectador e às vezes rouba a atenção
da narrativa. O convencionalismo e os clichês seguem incomodando, a tal ajuda
que aparece subitamente nas horas inapropriadas tiram a beleza e o suspense
iniciado pela sugestão de ameaça e os combates perdem o impacto.
Inquestionavelmente infantil, a Desolação
de Smaug ganha conotações mais severas com as alterações no roteiro diante
a adaptação, imprimindo mais ferocidade – com cabeças rolando e corpos
despedaçados sem sangue – a jornada heróica e verdadeiramente perigosa,
especialmente quando estão em cena os Orcs e Wargs.
A história ganha traços de obra
épica pelos feitos diários de seus personagens, e testemunhamos tudo com
convicção em respeito ao que estamos vendo e, principalmente, compreendendo. As
cenas de batalhas são bem realizadas e coreografadas. O diretor não perdeu esse
cuidado. A técnica o favorece, desde o som ao desenho artístico, tudo responde
a favor do longa que mergulha na ação e emerge na tensão, enquanto o humor
condensa. Quanto ao drama, esse recai sobre alguns poucos personagens, tendo
ligação ao passado e a cobiça que envolve a pedra Arken. O romance não fica de
lado e aparece de forma constrangedora, relacionando o anão Kili e a elfa Tauriel.
A tentativa de Jackson em plantar uma heroína na história é satisfatória, mas a
forma com a qual escolheu lhe ofertar um romance foi absolutamente tola!
Se o filme tivesse mais 30
minutos, correria o risco de tornar-se aborrecido. Sua exagerada duração é
injustificável, a não ser pelo exibicionismo técnico e megalomaníaco de Peter
Jackson. Ainda lamento Guillermo del Toro ter pulado fora da direção antes do
início das filmagens. O Hobbit: A
Desolação de Smaug é um belo filme, sem dúvidas, mas plenamente esquecível
e longe de ser um dos mais significativos do ano. E isso é terrível, já que o
ano não foi dos mais relevantes. A expectativa com relação ao próximo filme se
mantém, ainda mais após o final em aberto que deixou o público atônito e
curioso. Ele veio após o melhor momento da obra, a aparição do dragão Smaug. O
ótimo ator inglês Benedict Cumberbatch empresta sua voz e movimentos para a
concepção da fera. O resultado foi dos mais impressionantes. Que venha o
próximo e que seja ainda melhor. E sem embolações, se possível.
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