terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Proseando sobre... Meu Passado Me Condena: O Filme



Alguém o julgou como desastroso! Algo próximo a aberrações como O Concurso (idem, 2013) e Cilada.com (idem, 2011). Injustiça, esse é melhor. Mas essa consideração não é exatamente positiva. Meu Passado Me Condena: O Filme tem a mesma atribuição, por exemplo, de Crô – O Filme (idem, 2013). O pessoal do marketing nos lembra de que se trata de um filme e não de uma série ou esquete, ou extensão de novela. Seja lá o parâmetro, a realização é pífia, ainda que sua produção seja boa e tenha um bom humorista segurando o filme inteiro. Fábio Porchat garante o ingresso, pois é naturalmente engraçado, embora muitas vezes surja afetado. Seu par, Miá Mello, oferece pouco. Os outros em sua volta são desperdiçados! Elke Maravilha, por exemplo. E ainda há um destaque negativo, o Cabeça, vivido por Rafael Queiroga, como um dos personagens mais odiáveis dos últimos anos. 

Um casal, Miá e Fábio (os protagonistas emprestam seus nomes aos personagens) embarcam em um cruzeiro para viverem uma lua de mel inesquecível. O acontecimento é súbito, não houve muitos planejamentos, já que se conheceram à pouco tempo e movidos pela empolgação de uma paixão cega, casam-se. O plano do roteiro sugere algo mais intenso e íntimo com potencial de ganhar desdobramentos maiores, apoiados no humor. Perderia, talvez, a veia cômica quase que descontrolada tentada e repetida a exaustão. Ganharia narrativamente, já que seu humor independente definitivamente funciona em diversas situações. A coisa se complica pra o filme e para o casal quando coincidências emergem: ambos possuem ligações com um casal milionário (Alejandro Claveaux e Juliana Didone) que está no navio, o que denunciaria seus passados e provavelmente tiraria a doçura de uma potencial e feliz viagem romântica. 

Baseado em uma série de Tv, esse filme dirigido por Julia Rezende se lança ao mar e quase afunda. A narrativa pobre e as situações espalhafatosas fariam sentido em qualquer lugar, exceto no cinema. Todavia encarar a comédia como um filme ingênuo e despretensioso pode fazê-lo ser facilmente digerível. Funcionaria melhor ainda se fosse mais enxuto e a tal viagem de lua de mel fosse bem menor. As ideias são magnânimas diante o exibido e cada dia, reduzido a poucas experiências a bordo, tornam-se insatisfatórios e inconcebíveis. Nesse meio não faltam situações exaustivas jogadas para o espectador como o arroz é jogado sobre noivos. Essa é definitivamente a impressão que dá: tudo é jogado, seja o calor, seja o amor, seja o humor. Tudo é esparramado e Julia Rezende parece não conseguir ordenar.

Noção temporal e espacial não parece ser o forte da diretora. São problemas habituais encontrados em longas similares, aqui com intensidade maior devido ao contexto. O interesse nem é fazer sentido nesse âmbito, mas proporcionar recriação através de um atual astro do humor brasileiro. Além de O Concurso, Porchat esteve em Vai que Dá Certo (idem, 2013). Tanto trabalho no ano, vem colhendo os frutos do sucesso viral de Porta dos Fundos. Vem colocando seu nome nos exemplos vais vis das obras nacionais. O cinema nacional que é gigante e competente, perde espaço para medíocres produções comerciais. Essa crítica vai perdurar por muito tempo. Meu Passado Me Condena: O Filme é frívolo, porém divertido. Quase afunda enquanto um episódio da Tv de um programa ruim. Ainda consegue boiar num mar de mediocridade. 


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