Alguém o julgou como desastroso! Algo
próximo a aberrações como O Concurso
(idem, 2013) e Cilada.com (idem,
2011). Injustiça, esse é melhor. Mas essa consideração não é exatamente
positiva. Meu Passado Me Condena: O
Filme tem a mesma atribuição, por exemplo, de Crô – O Filme (idem, 2013). O pessoal do marketing nos lembra de
que se trata de um filme e não de uma série ou esquete, ou extensão de novela. Seja
lá o parâmetro, a realização é pífia, ainda que sua produção seja boa e tenha
um bom humorista segurando o filme inteiro. Fábio Porchat garante o ingresso,
pois é naturalmente engraçado, embora muitas vezes surja afetado. Seu par, Miá
Mello, oferece pouco. Os outros em sua volta são desperdiçados! Elke Maravilha,
por exemplo. E ainda há um destaque negativo, o Cabeça, vivido por Rafael
Queiroga, como um dos personagens mais odiáveis dos últimos anos.
Um casal, Miá e Fábio (os
protagonistas emprestam seus nomes aos personagens) embarcam em um cruzeiro
para viverem uma lua de mel inesquecível. O acontecimento é súbito, não houve
muitos planejamentos, já que se conheceram à pouco tempo e movidos pela
empolgação de uma paixão cega, casam-se. O plano do roteiro sugere algo mais
intenso e íntimo com potencial de ganhar desdobramentos maiores, apoiados no
humor. Perderia, talvez, a veia cômica quase que descontrolada tentada e
repetida a exaustão. Ganharia narrativamente, já que seu humor independente definitivamente funciona
em diversas situações. A coisa se complica pra o filme e para o casal quando
coincidências emergem: ambos possuem ligações com um casal milionário (Alejandro
Claveaux e Juliana Didone) que está no navio, o que denunciaria seus passados e
provavelmente tiraria a doçura de uma potencial e feliz viagem romântica.
Baseado em uma série de Tv, esse
filme dirigido por Julia Rezende se lança ao mar e quase afunda. A narrativa
pobre e as situações espalhafatosas fariam sentido em qualquer lugar, exceto no
cinema. Todavia encarar a comédia como um filme ingênuo e despretensioso pode
fazê-lo ser facilmente digerível. Funcionaria melhor ainda se fosse mais enxuto
e a tal viagem de lua de mel fosse bem menor. As ideias são magnânimas diante o
exibido e cada dia, reduzido a poucas experiências a bordo, tornam-se insatisfatórios
e inconcebíveis. Nesse meio não faltam situações exaustivas jogadas para o
espectador como o arroz é jogado sobre noivos. Essa é definitivamente a
impressão que dá: tudo é jogado, seja o calor, seja o amor, seja o humor. Tudo
é esparramado e Julia Rezende parece não conseguir ordenar.
Noção temporal e espacial não
parece ser o forte da diretora. São problemas habituais encontrados em longas
similares, aqui com intensidade maior devido ao contexto. O interesse nem é
fazer sentido nesse âmbito, mas proporcionar recriação através de um atual
astro do humor brasileiro. Além de O
Concurso, Porchat esteve em Vai que
Dá Certo (idem, 2013). Tanto trabalho no ano, vem colhendo os frutos do
sucesso viral de Porta dos Fundos. Vem colocando seu nome nos exemplos vais vis
das obras nacionais. O cinema nacional que é gigante e competente, perde espaço
para medíocres produções comerciais. Essa crítica vai perdurar por muito tempo.
Meu Passado Me Condena: O Filme é frívolo,
porém divertido. Quase afunda enquanto um episódio da Tv de um programa ruim. Ainda
consegue boiar num mar de mediocridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário