"Busca Implacável 2” não tem
muita coisa que o faça funcionar, não enquanto um bom exemplar do gênero,
apesar de suas suntuosas cenas de perseguição. Para tentar transformar o filme
estrelado por Liam Nesson em franquia, arriscam tudo, inclusive
responsabilizar alguns mulçumanos da Albânia, encontrando neles potenciais
vilões. Isso já está na cartilha americana. A relação com o filme anterior é clara, mas rasteira, sem personalidade
e graça. Ainda soma-se a história uma nova heroína, diminuindo a força do
protagonista enquanto herói inquestionável, reconhecido pela imponência e
inteligência. E não acaba por aí. Eis um representante do que chamam de caça
níquel, uma continuação ordinária, sem qualquer finalidade para existir, senão
ganhar alguns trocados nas bilheterias, igualmente a tantos outros tortuosos e
torturantes. Lamentemos.
No primeiro filme a filha do
absolutamente implacável Bryan Mills (Neeson) fora seqüestrada por traficantes
de mulheres. Agora temos um novo seqüestro, e as vítimas são o próprio Bryan e
sua ex-mulher, Lenore (vivida pela ex-bondgirl Famke Janssen). A
correria toma conta em Istambul. Quem terá que assumir o controle da situação desesperadora
é a filha do casal, Kim (Maggie Grace), que surge em escapada mostrando
alguns de seus atributos físicos após sair da piscina. Ao comando do pai, a garota
vai realizando uma série de tarefas numa jornada calorosa e perigosa, sobre telhados
e becos de uma das cidades mais populosas do mundo.
A direção de Olivier Magaton é
amadora, demonstra habilidade mínima para filmar cenas de luta, com excesso de
cortes e pouco noção espacial. Não compreendemos exatamente de onde veio algum
golpe ou qual o destino desse, apenas que esses acontecem e são quase mortais
quando efetuados pelo protagonista. O roteiro é assinado por Robert Mark Kamen
e pelo francês hollywoodianizado Luc Besson que também produz a fita. Uma cena
se destaca: Bryan, através de coordenadas e de seu exímio poder de observação,
dá direcionamentos para Kim descobrir onde é seu cativeiro. Exala-se soberania.
Ele certamente poderia se juntar aos vingadores.
Ao longo de 90 minutos testemunharemos
alguns laços afetivos se refazerem enquanto nos é proporcionado cenas de
recreação quando Bryan vai descobrir quem é o namorado de sua filha. Nos
solidarizamos pelo coitado. Vale ressaltar que ainda há um gancho para uma
possível continuação. E porque não transformar “Busca Implacável” numa
trilogia? Já chegaram até aqui. Ao menos o filme garante belas locações. No
anterior, vimos Paris. Agora assistiremos Istambul e contemplaremos sua beleza através
de uma fotografia sombreada. Também adentraremos em seus becos e ruas apertadas,
conhecendo minimamente sua cultura enquanto seus personagens se espancam e Kim
nos dá aula de direção num táxi, veloz e furiosa.
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