Henry Joost e Ariel Schulman,
responsáveis pelo terceiro filme da franquia “Atividade Paranormal” retornam
nessa quarta parte, reciclando alguns eventos que já vimos anteriormente nos
longas anteriores e o atualizando segundo a tecnologia recente – o que funciona
em alguns pontos como novidade – não deixando o filme padecer num completo
marasmo. A utilização de webcams e celulares, bem como o protagonismo de
adolescentes garante um pouco da atenção do público que se interessa por esse
novo viés, no entanto as repetições importunam mais do que as bruxas e a
experiência de conferir um horror através do mockumentary, já desgastado e
abundantemente explorado, se extenua com bocejos e aborrecimentos.
Mais do mesmo com alguns
acréscimos, é uma definição adequada para essa sequência. Ao menos é inventiva,
traz chats, cam – e um cara gravando tudo o que pode, atônito para ver a
namorada se despir – e um xbox com recursos para alguma das melhores cenas de
tensão funcionar. Ao menos obriga o espectador a se ater aos detalhes,
examinando cada canto da imagem, buscando qualquer indício do que virá
futuramente a lhe sobressaltar – na maioria das vezes nada acontece. É, ao
menos, a expressão da modernidade, algo que a dupla de diretores trabalharam criticamente
em seu mais notável trabalho, o possível documentário “Catfish”, onde eles explanam
hipocrisias da internet ao longo de uma experiência particular, entre perfis inexistentes
numa jornada misteriosa atrás da verdade por trás de fakes e suas vidas
ordinárias.
O sucesso desta empreitada
garantiu alguma atenção para a dupla, uma vez que foram convidados pouco tempo
depois para realizar o terceiro filme da franquia e consequentemente este
quarto. No terceiro fizeram proeza ao finaliza-lo com uma boa idéia, embora
absurda e nefasta. Agora, não há mote para salvação dentro da narrativa,
restando apenas os recursos técnicos e uma adolescente bonita segurando o filme
como pode. Restou, então, resgatar Katie (Katie Featherston), a estrela do
pioneiro, para tocar o terror, como um monstro já reconhecido pelo cinema. Com
ela vem ligações aos eventos anteriores, explicações rasas de sórdida
importância e um garotinho, apavorante pela inexpressão, marcando presença como
maldição, com herança física daquele tão famoso no clássico “A Profecia”.
A história roteirizada por Chad
Feehan e Christopher Landon, este último provém do terror “Sangue
e Chocolate”, se baseia na adolescente Alice (Kathryn Newton), que passa
horas na frente do computador falando com o namorado. Ela vive numa luxuosa
casa no que aparenta ser um bairro de classe alta americano, e teve o azar
desgraçado de ter Katie como vizinha. Há algo na garota que interessa as tais
bruxas do terceiro filme. O vínculo entre ambas acontece graças a uma
aproximação entre crianças, algo difícil de conceber racionalmente. A presença dessas
caras novas vem com diferentes métodos de provocar espanto, com os próprios
personagens causando. A menina, por exemplo, em determinado momento salta na
cama após longos segundos de silêncio. Há ainda a presença de um gato que
caminha pela casa sugerindo alguma provável ocorrência e ninguém parece vê-lo.
Ou talvez ele seja um demônio e será revelado em alguma provável continuação.
Após essas e mais algumas tentativas de susto, pensamos: puxa, estão mesmo
tentando de tudo. Tememos o que virá pela frente.
Essa quarta parte também se
permite fazer piada, brincadeiras que, ao invés de apavorar, tiram risada do
público, o que nos leva a questionar as intenções e o rumo da série, parecendo
não estar mais se levando a sério. Há até uma tentativa de referência, ou
homenagem, ou seja lá qual era o intuito, de recordar “O Iluminado” quando
inesperadamente surge um garotinho num triciclo, dirigindo-o pelos cômodos. O
futuro de “Atividade Paranormal” parece já ser conhecido, muitos serão feitos,
readequados, tentando ser inovado, salvo por roteiristas propensos a tirar o
máximo de qualquer objeto. Com isso o tempo poderá fazer da série inanimada,
sem graça e com o prestígio arrasado. Quem continua indo assistir é porque
realmente gosta da franquia, se deleita como pode com os sustos suscitados. Uma
hora esses também podem deixar de se interessar e o filme que outrora fora
considerado um bom exemplar do gênero do terror, se tornará mais um exemplar de
mediocridade, de mera gana ruída.
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