segunda-feira, 28 de maio de 2012

Proseando sobre... MIB³ - Homens de Preto 3



O clima de novidade que MIB despertou em 1997 graças a inventividade do roteiro contribuiu para que uma franquia de sucesso pudesse se instituir. 5 anos depois veio uma sequência ordinária, completamente inferior ao original. Após tanto tempo, eis que chega a esperada terceira parte, trazendo os mesmos protagonistas com um acréscimo. Tudo foi conduzido pelo diretor dos dois primeiros filmes, Barry Sonnenfeld. Se esse “MIB³ - Homens de Preto 3” não carrega o ar de novo, ao menos desponta como revitalização, um retorno ao que se fez fechando de maneira satisfatória uma trilogia que custou a acontecer.

Coexistindo as escondidas na terra junto aos humanos, os alienígenas continuam dando trabalho aos agentes J (Will Smith) e K (Tommy Lee Jones), este último, próximo da aposentadoria. De imediato, piadas envolvendo a dupla permite uma sensação de nostalgia, um acesso rápido a essa relação tão conturbada quanto divertida. No entanto, a presença de Lee Jones dura pouco, uma vez que um poderoso alienígena, Boris, O Animal (Jermaine Clement, ótimo em cena), voltou para um acerto de contas com K e utilizará de viagem no tempo – irá precisamente até 1969 – para reverter o passado apagando completamente a existência do sisudo agente.

A premissa perpassa sobre esse universo temporal, algo que leva as melhores piadas do longa quando notamos as distintas tecnologias de época, com objetos maiores e pesados comparados aos minúsculos e portáteis de hoje em dia. Ainda soma-se a essa distinção a retratação da direção artística que concebe um passado mais colorido, quadrado, mas não menos interessante. Também não faltam referências a famosas personalidades suspeitando se tratar de aliens – Lady Gaga, Tim Burton, Mick Jagger são alguns –, investida alegórica relembrando graças presentes nos filmes anteriores. Uma cena envolvendo o cineasta e pintor Andy Warhol (vivido por Bill Hader) é inspiradíssima. Não se esquece o passado aqui, aliás, ele é importantíssimo, dialogando com a obra de 97 como a de 2002, ligando a pontas que não tiveram explicação. 

O roteiro fecha um ciclo através de 3 bons atos, depositando no terceiro uma comoção ainda não experienciada pela franquia. A realização remonta o que anteriormente não era claro, buscando até mesmo constatar os motivos para que K se tornasse uma figura tão amarga. Para isso, um verdadeiro mergulho no passado. J tem que saltar no tempo, literalmente, e parar no final da década de 60 para contornar situações. O astro Will Smith tem a história para si, se mantém em frente a câmera em quase todo o filme com carisma e caretas, algo que em certo ponto incomoda pelas repetições. Este não é um dos seus melhores momentos na telona. 

Contrastando esse poço de humor, a figura unidimensional de Tommy Lee Jones balanceava tanta comicidade através de sua seriedade imponente e respeitosa, algo que dura algum tempo neste “MIB³” para logo ganhar a forma de um outro ator vivendo K com 29 anos, Josh Brolin. Este o faz com notável eficiência. Carrancudo, porém mais cortês, o agente K sessentista gozava da juventude dando-se ao luxo até de flertar com a colega de trabalho, a agente O (Alice Eve, enquanto jovem). Essa, no presente, vivida por Emma Thompson, evidencia um amor não acontecido, justificando o quanto o envelhecimento de K fora frustrado com relação ao desejo e pelas novas condições sujeitadas ao fim de sua defesa na terra em 69.  

O ano reproduzido reconta história, modelando o contexto adequando à narrativa. Têm-se a depreciação dos negros, mencionada num ato, tempos depois da morte de Martin Luther King, como também a chegada do homem a lua. Tais ações marcantes da história humana contribuem para a lógica da obra de Sonnenfeld. A cena de abertura é ótima e surpreendente, com vínculos diretos ao pretérito. Jermaine Clement faz um ótimo vilão e rouba cenas, a maquiagem lhe dá credibilidade assustadora lhe conferindo perigo. Outro que ganha o espectador é Michael Stuhlbarg que encarna o alienígena Griffin com sutileza, podendo prever o porvir. 

Sem novidades, mas com empatia suficiente para agradar o espectador, “MIB³” termina competente e lisonjeiro, sobretudo para seus fãs. É garantia de boas risadas e um complemento interessante ao que faltou nos anteriores em termos de roteiro, deixando uma sensação de dever cumprido com bom ritmo, carisma e alienígenas ainda mais grotescos. 


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