Amoral, talvez lhe seja uma
definição apropriada. Jovens não tão populares se reúnem para comemorar os 18
anos de Thomas (Thomas Mann) e, temendo o fracasso desta, decidem disparar
convites aos quatro ventos. Eles querem ter uma grande noite e ganhar popularidade
antes do término do ano letivo, além de vislumbrarem mulheres nuas, ter sexo
(especialmente esse), música alta e drogas. Tudo vai rolar na bela casa dos
pais do aniversariante que viajaram no final de semana. Os preparativos são
feitos rapidamente, os convites virais feitos por Costa (Oliver Cooper) logo
chegam a pessoas desconhecidas, muito longe dos vários e conhecidos grupos da
escola. A noite se aproxima, ninguém parece se interessar em aparecer. Logo,
surpresa, chegam alguns, outros, centenas, talvez milhares. Os estereótipos
convencionais não demoram a aparecer. As proporções são magnânimas e a talvez
maior festa de todos os tempos é constituída.
Incontáveis filmes do gênero buscam
se apropriar do universo nerd para explorar seus objetos de desejo, sobretudo
suas idealizações pelas mulheres, costumeiramente inalcançáveis. Porém, nenhum exemplar
atingiu o nível de escatologia como "Projeto X" e seus lampejos
insanos. A censura de 18 anos diagnostica o que o filme trará. Mulheres nuas,
consumo abusivo de drogas e violência entre adultos e crianças. É a exposição
de gêneros, vivenciando juntos um momento, com suas irresponsabilidades e
desnorteamentos. Não é um bom exemplo para ninguém, óbvio. E nem quer ser, não
precisam. É uma festa, irresponsável e enlouquecida, o filme a concebe como
tal. É para ofender moralistas.
O roteiro da dupla Matt Drake e Michael
Bacall, este segundo escreveu “Scott Pilgrim”, vai além da inocência de seus
protagonistas, transcendendo ideais morais e éticos. E tudo isso é registrado
em primeira pessoa, como a típica filmagem documental, o atual Mockumentary.
Essa, aqui, tem função importantíssima, ao contrário do que andamos vendo por
aí. E isso é natural, hoje em qualquer lugar, jovens registram sem pudor tudo
com celulares. Não importa a qualidade, desde que esteja capturado e possa ser
propagado. É uma marca polêmica de uma geração cujos aparatos tecnológicos
tornaram-se extensões do corpo humano. O filme tem a assinatura do produtor
Todd Phillips, diretor de “Se Beber, Não Case!”.
A direção deste é de Nima
Nourizadeh, com atores desconhecidos e belas mulheres, desfilando com seus
corpos jovens e embriagados. Não há controle na direção e tampouco senso, o que
torna o projeto mais autêntico diante os sucessivos desastres. O roteiro
despreocupado com lógica martela essa idéia do cúmulo, do exagero, de forma
anteriormente vista contidamente no icônico "Curtindo a vida
adoidado" nos anos 80, este intensamente vivo até hoje. E esse valor empregado
tratado na composição da diversão ilimitada atravessa gerações, algo bem
marcado pela presença de um quarentão na festa, a princípio ignorado, porém
logo absorvido como mais um com desejo em comum. Não são poucos os que se identificarão com
o projeto e desejarão fazer parte de um evento assim, apesar se seus custosos
pesares.
otima critica Marcelo! um filme que pode gerar muitos debates!!rs
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