sexta-feira, 21 de março de 2014

Proseando sobre... Sem Escalas

Liam Neeson virou sinônimo de filmes de ação. O cara leva jeito com os papéis. Nos últimos anos, sua filmografia contou com cerca de uma dezena de filmes do gênero que obtiveram relativo sucesso. Dessa vez ele encarna um agente federal responsável pela segurança de um vôo, um vôo que fora sequestrado. Tudo é obscuro. Falsas pistas surgem aos montes e o espectador se pega interessado, atento, tentando desvendar juntamente ao herói o que de fato está acontecendo ali. Várias são as hipóteses tratadas pelo roteiro, o que incita a curiosidade do espectador, tenso diante os acontecimentos que acontecem em pleno vôo, com pessoas morrendo a cada 20 minutos, sob ameaças das mensagens de um misterioso estranho.

Há uma bomba no avião! Se não bastassem os passageiros morrendo, ainda é preciso lidar com essa. Filmado quase que inteiramente num só espaço, o filme entrega a paranoia americana. Tem um herói, Bill Marks (Neeson), manchado por possíveis fracassos passados. Este até tem medo de voar, ou melhor, de decolar, conforme explica para uma passageira (Julianne Moore). Carrega um símbolo supersticioso. Seu anúncio inicia a saga sobre a compreensão de quem é seu protagonista, aparentemente desequilibrado e solitário. Algo sério lhe aconteceu. O roteiro se encarrega de possibilitar vários momentos em que o público junte peças e especule, se entretendo com o infortúnio alheio. Todos são suspeitos. Bill Marks desconfia de todos e todos desconfiam dele. E de um muçulmano. Sempre eles.

Poderíamos supor que Sem Escalas se trata de mais um elementar longa cujo mistério que lhe ronda irá se revelar tal como em ficções convencionais, doido para surpreender o espectador com uma surpresa tola plantada. Previsão equivocada. A direção do espanhol Jaume Collet-Serra favorece muito o filme, não cai em maneirismos costumeiros, engata o suspense e o mantém sem alívios, a não ser por uma cena ou outra, especialmente aquela em que o personagem de Neeson revela em público seu passado. Tal cena está deslocada da trama, marginalizada, como se o roteiro não tivesse encontrado outro recurso para promover seu protagonista, imperfeito, passível de erros. No mais, acerta no tom, na pegada que condensa drama e suspense policial. Collet-Serra e Neeson repetem uma parceria que havia começado em Desconhecido (Unknown, 2011).

De construções narrativas breves e impelidas a reviravoltas, Sem Escalas é uma produção eficiente e competente de um gênero gasto e difícil, especialmente quando este se concentra quase que inteiramente em um só local. As atuações burocráticas não comprometem, o ritmo e a frequência de eventos não dão muito tempo ao elenco de apoio de mostrar  serviço. Quem se garante é mesmo Neeson e sua carranca. Já Moore parece viver uma versão solitária feminina de Marks, sua presença inoportuna – como ela chega no avião, por exemplo – lhe dá mais importância do que merece, tornando-a considerável para o bem ou para o mal. A recente oscarizada Lupita Nyong’o juntamente a Michelle Dockery e Corey Stoll completam o elenco.

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