segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Proseando sobre... Thor - O Mundo Sombrio



Suplantando todos os equívocos do filme anterior, Thor - O Mundo Sombrio se mostra bem mais decidido em relação ao que deseja mostrar e ser, funcionando em praticamente todas as suas investidas, especialmente quando releva o bom humor típico das produções da Marvel – e vale ressaltar tal humor tanto nos quadrinhos quanto nas adaptações cinematográficas. A direção dessa vez ficou por conta de Alan Taylor que conseguiu dar constância a uma história que se iniciou desorientada em 2011 nas mãos de Kenneth Branagh. O Deus do trovão teve um filme introdutório, porém superficial, não chegando a qualquer lugar narrativamente, e piorando com um romance frio, igualmente leviano. Esse infelizmente continua. Mas há outros atributos que compensam a falta de lógica e sentido apresentada pelo mais novo filme do universo Marvel. 

Passado quase que inteiramente em dois locais, Terra e Asgard, o filme brinca com essa viagem culminando numa cena abusiva e divertida. A elaboração de Asgard e de outros mundos são perfeitamente montadas pelo competente design de produção que já havia se destacado no longa anterior. Essa transição de vias e contextos é bem vinda a narrativa que oferece um leque de possibilidades, apostando em tiradas cômicas e uma complexidade esclarecida. O roteiro é inteligente ao elaborar uma trama com certa profundidade, no entanto fácil de acompanhar. É bom para o público que visa a diversão – e encontra – num filme que não tem grandes pretensões. Thor tem um novo desafeto, Malekith, que está decidido em destruir os asgardianos pondo fim ao reino de Odin (Anthony Hopkins).   

Entre todos os lançamentos independentes dos heróis que se reuniram em Os Vingadores, esse é possivelmente o mais relevante em termos de ação e ambientação. Ainda que a gente precise esquecer da lógica e especialmente tentar levar a sério a relação de Thor com Jane Foster, ignorando a coincidência absurda que os envolve nessa empreitada sem maiores e decentes explicações, o filme se encarrega de proporcionar uma trama lisonjeira ao Deus do Trovão, trazendo ainda Loki (Tom Hiddleston, novamente impecável) em cenas que seguramente garantirão a diversão dos milhares de espectadores em volta do mundo. As referências a cultura popular em sintonia a ficção proporcionam um tom recreativo, enquanto passeamos pelos nove reinos. Isso é algo para os fãs de cultura nórdica se deleitarem.  

Mais empolgante que o antecessor, o ritmo desse O Mundo Sombrio nunca é quebrado, a não ser por uma bela cena de um velório, ofertado um alento a energia da fita. São 120 minutos que passam despercebidos apresentando coisas que certamente não iremos lembrar, pois pouco é relevante, no entanto são coisas que garantem nossa atenção pela veia cômica. O roteiro também tem a liberdade de tentar pregar uma peça nos espectadores. Consegue o feito sem embaraços. Embora seja vil e maniqueísta, segue a fórmula que vem dando certo sem invenções perigosas. Com atuações convincentes, sobressai o óbvio. Hiddleston simplesmente rouba todas as cenas em que aparece com Chris Hemsworth sendo um mero figurante carismático. Thor está de volta num filme melhorado, porém longe de ser grandioso e imponente tal como seu protagonista sugere. Sem frescor e sem frescuras, segue uma linha conservadora. O problema é que tal linha está se esgotando. Um empecilho para os vindouros!

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