Seguindo a safra de obras baseadas no tema zumbi, “Guerra Mundial Z”
chega com uma tentativa de nova abordagem, trazendo mortos vivos bastante
ágeis, tal como já vistos em alguns filmes. Longe da pretensão de alterar a
história dos caminhantes lentos em decomposição a procura de cérebro, o
cineasta Marc Forster brinca com sua temática constituindo um bom longa de ação com
momentos de tensão que praticamente obriga o espectador ficar imutável frente a
algumas cenas. Adianto que não dá para cravar a obra como uma das mais
relevantes do tema. É um filme de ocasião, que bebe bem do sucesso
contemporâneo assumindo um plot que funciona como lição moral bastante romantizada,
ainda mais quando se resolve lá nos seus quase 120 minutos. Esse finalmente divide
o público com a mensagem de cartilha. Alguns irão idolatrar, saindo do cinema inspirados
com o discurso poético de sobrevivência da espécie, outros ficarão frustrados
pelo acumulo de clichês mesquinhos.
Seu início é promissor, vai direto ao ponto em 5 minutos. Falta tempo
para desenvolver a história e seus personagens num primeiro instante, algo que
fará muita gente estranhar. Teremos acesso a esses personagens, especialmente –
e quase que exclusivamente – ao protagonista Gerry. Diálogos iniciais deixam
questões no ar. Essas serão respondidas calmamente no meio do caos dos minutos
posteriores. No trânsito, tal como visto no trailer de divulgação, explosões e
muita correria. Pessoas estão saltando e mordendo umas as outras. O desespero
toma conta em todos os países e a vida terrestre despenca assustadoramente. Nem
o presidente dos Estados Unidos sobrevive. Não se trata de um filme cujos
heróis estão no continente norte americano, muito embora seu personagem central
seja de lá. Por sua vez, este é legitimado pela ONU. E a estrela é o astro Brad
Pitt.
Seguro no papel, o astro hollywoodiano tem de defender sua família.
Logo tem que defender o mundo. Não faz isso voluntariamente, mas como
obrigação, já que os poucos sobreviventes estão reunidos e aqueles que são
considerados inúteis em situação de guerra logo são descartados pelo bem dos
que consideram merecer a sobrevivência. A escassez de mantimentos é grande. Tal
como num treinamento, somos levados a pensar quem deveria ou merecia ser
poupado, já que homens, mulheres, crianças, idosos, enfermos estão reunidos em
um só local que não comporta todo mundo. Nesse lugar está a esposa e as filhas
de Gerry que sobreviveram ao infortúnio em Newark. Juntamente
a eles, um garotinho filho de imigrantes, algo inserido em uma das cenas mais
sensíveis do longa, enquanto simbologia da união entre os povos, questão
fundamental em benefício da sobrevivência mundial.
Assistimos boas cenas de ação combinadas a impressionantes efeitos. O
triângulo formado por zumbis atrás do muro de Jerusalém é uma das cenas mais
marcantes do longa e provavelmente do gênero. A sacada final, observável ao
longo da narrativa, é bem pontuada. Não há qualquer objeção técnica de
filmagem. Perde pontos unicamente por ser lançado em tal época cujo valor
comercial parece mais relevante do que seu valor cinematográfico, já que
estamos quase que exauridos de referências a zumbis. A série de clichês, algo
inevitável – é verdade – tira a força do filme, subjugando-o ao visual. Estamos
concernentes demais com o cinema de entretenimento. Ao menos esse é um exemplar
que cumpre bem o papel de divertir.
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