quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Proseando sobre... A Origem dos Guardiões



“A Origem dos Guardiões”, nova aposta da DreamWorks, aparece num ano fraco de animações, o que o torna em um dos melhores exemplares recentes. É definitivamente um bom filme com uma história divertida e animadíssima, especialmente sobre duas questões: o apuro técnico e a narrativa virtuosa. O roteiro explora personagens da cultura popular como a Fada do Dente, Coelho da Páscoa, Sandman – cuja equivalência no Brasil é o João Pestana – e um Papai Noel tatuado. Todos estes não são meras criaturas das fábulas, mas guardiões da crença infantil, dos pequenos que acreditam em suas representações personificadas e no encanto provindo de cada um nas datas comemorativas – Páscoa e Natal –, na hora do sono – através da areia que permite uma noite tranqüila com bons sonhos – e quando perdem um dente, ganhando em troca uma moeda. Mas há um desconhecido presente: Jack Frost. Sobre essa figura que a história irá se desdobrar magicamente.   

O maniqueísmo prático persiste usualmente nessa narração enérgica, trazendo um vilão com planos mirabolantes, relativos ao domínio do mundo, precisamente, ao sono e aos pesadelos capazes de desencadear temores em todas as crianças de todos os continentes. A lógica é infantil, afinal, também pudera, a animação é direcionada a esse público. Os mais crescidos também poderão aproveitar, seja como um exercício de nostalgia, ou para acompanhar com humor a praticidade da trama, bem dirigida e produzida, abastada de alguns tons obscuros e apavorantes – sombras negras e cavalos demoníacos. Tem dedo de Guillermo del Toro aí, produtor executivo do filme. A direção é do desconhecido Peter Ramsey que parece ser sugado pelas idéias do produtor.

O desenho de produção é luxuoso. As animações estão cada vez mais impressionantes visualmente, todavia as histórias aparentemente estão seguindo uma via contrária. Pouquíssimas apresentam novidades narrativas, boas idéias, interessantes reflexões – pensa-se em reflexões a partir da lógica da animação em trazer em suma uma moral. Elas existem de fato, porém cada vez mais precárias. Apresentar artifícios técnicos elevando o poderio artístico de seu estúdio é o que infelizmente interessa. Com a “A Origem dos Guardiões”, a DreamWorks se exalta com personagens já conhecidos, algo que joga a seu favor para o sucesso. É uma nova franquia que germina no imaginário infantil abusando da receita para o sucesso: bons personagens com carisma e outros que aparecem pouco, porém o bastante para cativar o público – no caso aqui, os duendes e as pequenas fadas, além dos gigantes Yetis, responsáveis por ótimas gags – pintam em cena.

Tudo isso não funcionaria sem um personagem cerne que oferecesse algo diferente do hábito, aí somos levados a um anti herói, Jack Frost. Ele é o guardião do gelo, um rapaz brincalhão disposto a todo tipo de diversão e que não costuma seguir normas ou regras sociais. Ele quer ser reconhecido, mas não obtêm tanto sucesso quanto os outros. Seu desvio de caráter é semente para alguma discussão, aprofundada economicamente pelo roteiro. Jack ganha o púbico, conquista a afeição das crianças por seu estilo despojado e descompromissado, sempre tendendo proporcionar recriação, nem sempre com prudência. Já o vilão, o Breu, ou o Bicho Papão, consegue oferecer ameaça necessária aos eventos da narrativa, fazendo-nos compreender que ele realmente traz perigo para o mundo e aos guardiões. A dublagem original é realizada por um elenco considerável, composto por Chris Pine, Alec Baldwin, Jude Law, Isla Fisher, Hugh Jackman e Dakota Goyo. A animação é sucesso garantido e certamente não irá demorar em vermos uma sequência na telona.         


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