“A Origem dos Guardiões”, nova
aposta da DreamWorks, aparece num ano fraco de animações, o que o torna em um
dos melhores exemplares recentes. É definitivamente um bom filme com uma
história divertida e animadíssima, especialmente sobre duas questões: o apuro
técnico e a narrativa virtuosa. O roteiro explora personagens da cultura
popular como a Fada do Dente, Coelho da Páscoa, Sandman – cuja equivalência no
Brasil é o João Pestana – e um Papai Noel tatuado. Todos estes não são meras
criaturas das fábulas, mas guardiões da crença infantil, dos pequenos que
acreditam em suas representações personificadas e no encanto provindo de cada
um nas datas comemorativas – Páscoa e Natal –, na hora do sono – através da
areia que permite uma noite tranqüila com bons sonhos – e quando perdem um
dente, ganhando em troca uma moeda. Mas há um desconhecido presente: Jack
Frost. Sobre essa figura que a história irá se desdobrar magicamente.
O maniqueísmo prático persiste
usualmente nessa narração enérgica, trazendo um vilão com planos mirabolantes,
relativos ao domínio do mundo, precisamente, ao sono e aos pesadelos capazes de
desencadear temores em todas as crianças de todos os continentes. A lógica é infantil,
afinal, também pudera, a animação é direcionada a esse público. Os mais
crescidos também poderão aproveitar, seja como um exercício de nostalgia, ou para
acompanhar com humor a praticidade da trama, bem dirigida e produzida, abastada
de alguns tons obscuros e apavorantes – sombras negras e cavalos demoníacos.
Tem dedo de Guillermo del Toro aí, produtor executivo do filme. A direção é do
desconhecido Peter Ramsey que parece ser sugado pelas idéias do produtor.
O desenho de produção é luxuoso.
As animações estão cada vez mais impressionantes visualmente, todavia as
histórias aparentemente estão seguindo uma via contrária. Pouquíssimas
apresentam novidades narrativas, boas idéias, interessantes reflexões –
pensa-se em reflexões a partir da lógica da animação em trazer em suma uma
moral. Elas existem de fato, porém cada vez mais precárias. Apresentar
artifícios técnicos elevando o poderio artístico de seu estúdio é o que
infelizmente interessa. Com a “A Origem dos Guardiões”, a DreamWorks se exalta
com personagens já conhecidos, algo que joga a seu favor para o sucesso. É uma
nova franquia que germina no imaginário infantil abusando da receita para o
sucesso: bons personagens com carisma e outros que aparecem pouco, porém o
bastante para cativar o público – no caso aqui, os duendes e as pequenas fadas,
além dos gigantes Yetis, responsáveis por ótimas gags – pintam em cena.
Tudo isso não funcionaria sem um
personagem cerne que oferecesse algo diferente do hábito, aí somos levados a um
anti herói, Jack Frost. Ele é o guardião do gelo, um rapaz brincalhão disposto
a todo tipo de diversão e que não costuma seguir normas ou regras sociais. Ele
quer ser reconhecido, mas não obtêm tanto sucesso quanto os outros. Seu desvio
de caráter é semente para alguma discussão, aprofundada economicamente pelo
roteiro. Jack ganha o púbico, conquista a afeição das crianças por seu estilo
despojado e descompromissado, sempre tendendo proporcionar recriação, nem
sempre com prudência. Já o vilão, o Breu, ou o Bicho Papão, consegue oferecer
ameaça necessária aos eventos da narrativa, fazendo-nos compreender que ele
realmente traz perigo para o mundo e aos guardiões. A dublagem original é
realizada por um elenco considerável, composto por Chris Pine, Alec Baldwin, Jude
Law, Isla Fisher, Hugh Jackman e Dakota Goyo. A animação é sucesso garantido e
certamente não irá demorar em vermos uma sequência na telona.
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