Para fechar a trilogia “Se beber,
não case”, lançaram uma terceira parte que tenta de todo modo soar diferente e
armar situações que pareçam originais comparadas as vistas nos filmes
anteriores. Até consegue, mas a essência da série se desfaz em pouco tempo de
projeção, já que, inevitavelmente, se prende e se rende aos maneirismos
convencionais formulaicos e, como recurso narrativo visando à funcionalidade da
trama e principalmente das inesgotáveis piadas, curva-se sobre seu personagem mais
inusitado, Alan. O ator Zach Galifianakis termina como o mais visado. Este funcionaria
melhor em doses, já que torna-se aborrecido pelo excesso de excentricidade
antes mesmo do fim da primeira metade. A graça se perdeu com as continuações e
manchou a conquista do primeiro filme que tanto sucesso fez, agraciado não
somente por público. Algumas coisas realmente não precisam continuar.
Os amigos, Phil (Bradley Cooper),
Stu (Ed Helms) e Doug (Justin Bartha) saem pelas estradas com a finalidade de
levar Alan para uma clínica a fim de receber cuidados necessários, já que vem
dando trabalho para os familiares e fora responsabilizado recentemente por
alguns eventos pra lá de desastrosos. O caminho dos quatro, no entanto, é
interrompido. Um homem armado (John Goodman) exige que eles lhe entreguem Mr.
Chow (Ken Jeong), a figura esquisita dos filmes anteriores. Este lhe roubou
milhões em barras de ouro e está gozando do dinheiro com bebedeiras, sexo e
drogas. Como garantia, o ricaço fica com Doug. Começa a jornada do trio em
busca de Chow! A sucessão de repetições de idéias se acumulam nos pouco mais de
90 minutos. Com o personagem de Bartha descartado igualmente ao longa de
abertura, resta ao trio vivenciar as situações mais estapafúrdias e absurdas
possíveis. O cume não poderia ser outro senão Las Vegas.
O diretor Todd Phillips assume novamente
a direção e com um roteiro pouco envolvente cria situações bizarras com gags
visuais bem colocadas, o que permite o público se divertir. A sensação não é a
mesma de outrora. As risadas ocorrem mais por ocasião do que por satisfação.
Essa percepção dá indícios do quanto a franquia está gasta, já que não nos
divertimos como antes e rimos como reconhecimento, como se aplaudíssemos uma
peça ruim por respeito. Galifianakis, ator que se consagrou definitivamente
enquanto humorista, ganha o filme e assume o protagonismo, deixando os colegas
– Cooper e Helms – de lado. Estes dois existem por conveniência. Suas
particularidades construídas anteriormente quase não são florescidas,
funcionando como coadjuvantes necessários para dar a cara dos velhos lobos. No
fim todos perdem. Nem Heather Graham escapa da inutilização junto ao seu bebê,
aquele mesmo da primeira empreitada.
Finalizada, a franquia
provavelmente será lembrada por alguns bons momentos, com a maioria se
restringindo ao primeiro filme que fora deveras importante, influenciador de comédias
posteriores. Nenhuma obteve tamanho êxito. Ancorada em boas performances e
poucas boas sacadas originarias de seu curto passado no cinema, termina com um
gosto amargo. As risadas e a ironia escachada longe do politicamente correto
permanecem, fazendo os fãs apreciarem e outros espectadores chegarem até seus
créditos finais. Nem se pode dizer que faz parte da maldição dos terceiros
filmes, os que não conseguem alcançar a grandeza de seus antecessores. O fato
é: “Se beber, não case 3”
é decepcionante, tolo e desnecessário.
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