Igualmente a concertos musicais exibidos
no cinema atualmente em 3D, esse “Cirque du Soleil: Outros Mundos” segue o
mesmo rumo, mostrando a arte circense de um dos circos mais impressionantes do
mundo. Tentando fazê-lo funcionar como uma narrativa romântica, o roteirista e
diretor Andrew Adamson investe num casal que se conhece por acaso durante uma
apresentação. A garota, Mia (Erica Linz), observa um trapezista (Igor Zaripov)
atuar num perigoso número. Antes de chegar a apresentação, a jovem encontra um
sujeito pela frente que lhe aponta um destino. Logo adentraremos num plano de
ordem onírica junto ao casal e testemunharemos os encantos fantásticos do Cirque
du Soleil com seus números primorosos, ousados e belíssimos.
O filme visa o entretenimento de encanto,
fortalecido pela beleza das cores e dos atos, com humanos fazendo coisas
fisicamente surpreendentes, empolgando o público que assiste estupefato a harmonia
das apresentações. Tudo é muito belo, plasticamente chamativo e atraente pela
novidade instigante, conciliada ainda com a boa tridimensionalidade trabalhada,
que nos coloca no meio dos saltos, mergulhos e danças, como se estivéssemos participando
de todo o espetáculo e seu aparato visual arrebatador. Todavia, a lógica narrativa
é estranha. Tudo parece fazer parte de um sonho, desenvolvendo-se ilusoriamente,
dispondo de uma sensação onírica extasiante.
Uma ópera circense, por assim
dizer, é o que o espectador assistirá. Talvez o filme também se encarregue de
ser uma peça publicitária bem montada, já que é quase inevitável não querer ir
ao Cirque du Soleil e presenciar coisas semelhantes pessoalmente. Aos amantes
de circo e da arte, a produção é imperdível. Há uma sequência ininterrupta de
apresentações que se ligam enquanto o casal perdido não se encontra. Na magnitude
desse espetáculo, o amor procura um caminho, alcança-o na arte. Belo filme de
magia, ainda que pequeno enquanto cinema.
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