quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Diário Cinéfilo: Asas do Desejo (Himmel über Berlin, Der, 1987)



Filme de amplitude ímpar, “Asas do Desejo” trata sobre o ser humano a partir de outra noção de mundo, numa hipótese bela e mágica, traduzida com sensibilidade pelo diretor Wim Wenders. Anjos caminham pela terra confortando vidas, as pessoas não podem vê-los. Um desses anjos deseja tornar-se humano para experimentar os sentidos da existência. Disposto a abrir mão de sua imortalidade, torna-se humano e passa a vagar pelas ruas a compreender o que antes lhe era uma mistério: as relações, as dinâmicas pessoais, o afeto e o amor; além de tratar em suma da finitude e do interesse pelo desconhecido. Passado em Berlim, o filme explana a cultura econômica e política através dos personagens humanos. Aqui compreendemos a visão tanto dos anjos quanto das pessoas através da câmera em movimento do cineasta, herança histórica do cinema alemão lá da década de 20. O mundo visto pelos alados vestidos de preto é compreendido em preto e branco, ao passo que o dos seres humanos é colorido. Há algo diferente nesse horizonte artístico proposto por Wenders, sendo subjetivamente compreendido. É demasiado arrastado, o que pode afastar alguns espectadores, mas não tira sua beleza. Culminamos, após tantas constatações, na visão desejosa do anjo Damiel (Bruno Ganz) que observa o treinamento de uma trapezista, a paixão assombra, o oculto se ilumina limpidamente e confusamente, como um cego que subitamente passou a enxergar.   


Direção: Wim Wenders
Elenco: Peter Falk, Bruno Ganz, Solveig Dommartin e Otto Sander


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