Bom elenco, bom argumento e o
diretor de “Zumbilândia”. Não foi o bastante. Filmes de gângsteres são sempre
atrativos pela representação e clima noir que costuma acompanhá-los com charme
e violência. “Caça aos Gângsteres” possui tal charme e a violência, mas
influídos de maneira passiva a história contada que se preocupa demais em
explorar a caçada de um grupo de homens armados que precisam por fim ao crescimento
financeiro de um gângster ex-boxeador na Los Angeles dos anos 40. O roteiro não
se preocupa em trazer quem são seus personagens, pouco explorando mocinhos e
bandidos. O maniqueísmo prático toma conta como num desenho animado. Ainda
somos lembrados em seus créditos iniciais que tudo o que veremos é baseado numa
história real, outro ponto para tentar despertar a atenção do público.
A Los Angeles da década de 40 é
bem remontada – vemos o letreiro Hollywoodland abrindo margem para a
contextualização –, a produção também capricha no figurino e no visual
esteticamente bonito. Pensamos: vai sair algo bom daí. Logo vem a história que
não é ruim, mas insuficiente se tratando de um filme de máfia – os personagens
são caricaturas de tantas outras obras. Abandonamos a boa impressão inicial
para enfim acompanharmos uma caça como um gato perseguindo o rato, os bonzinhos
liderados pelo durão, imponente, veterano e honesto Sgto. John O’Mara (Josh
Brolin). Um herói, um herói que compartilha tantos feitos com os bons e
dedicados colegas. Pela frente O’Mara terá uma dureza, Mickey Cohen (Sean
Penn), temperamental e violento, pugilista aposentado que está com Los Angeles
nas mãos.
Boa ação envolve o longa, embora
nem sempre perfeitamente filmadas. Há algumas cenas bem dirigidas,
especialmente a acontecida no ato final. Um tiroteio acontece na escadaria de
um hotel – esperei ver um carrinho de bebê descendo cada degrau enquanto balas
atravessavam rasantes sua volta. Opa, mas esse é outro filme. Inevitável
recordação, há ainda outras. O gênero, por sua vez, não parece ser o forte de Ruben
Fleischer, diretor que concebeu seu terceiro longa metragem, mostrando tudo o
que aprendeu assistindo “Os Intocáveis”, “Los Angeles – Cidade Proibida”, “Touro
Indomável” e “A Marca da Maldade”, não conseguindo se aproximar de nenhum.
Ainda vemos Ryan Gosling e Emma
Stone se pegando novamente após a comédia romântica “Amor a Toda Prova”. Ele
vive um policial de caráter impassível, além de piadista – Mickey Mouse? –,
tornando-se uma espécie de Watson para O’Mara; já Stone atua como uma
professora de etiqueta de Cohen, marcando-se num determinado ato quando,
voluptuosa, enche um vestido vermelho exibindo a perna numa fenda, desfilando
frente a câmera. Cena interessante plasticamente, o que torna uma das únicas
mulheres em cena numa musa perante os adversos, outro motivo de embate entre os
bons e maus.
A mando de Bill Parker (Nick
Nolte), O’Mara reúne um grupo a fim de frear a expansão de Mickey Cohen que já
dominava cassinos, o tráfico, a polícia e os políticos. Nomes como Robert Patrick, Giovanni Ribisi, Anthony Mackie e Michael Peña incham
o elenco, oferecendo pouco com o tempo que tem em cena, sendo escalados com
características cartunescas. A narrativa é escrita visando revelar os
passos dos caçadores e o sofrimento do caçado que desconta sua ira com sangue. Sean
Penn de baixo de uma pesada maquiagem pouco faz diante a expectativa de um ator
de seu porte, enquanto Brolin segura bem a faceta homérica, sempre com
expressão séria e tensa, carregando preocupações conscientes, sobretudo
relacionadas a negligência com a esposa grávida. Pequeno belo – visualmente,
volto a ressaltar – filme de gângsteres, aspirado por feitos, realizado sem
inspiração.
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