sábado, 27 de agosto de 2011

Proseando sobre... Planeta dos Macacos: A Origem


Tocar num clássico é sempre uma proposta de risco que tende a arruinar algo devidamente construído. “Planeta dos Macacos” é histórico pela sua representação de mundo em virtude do papel humano na sociedade com sua civilidade questionada. Refazer essa obra é uma ousadia já tentada e frustrada – vide a de Tim Burton. Uma nova tentativa seria um disparate banal. Mas, se buscar acrescentar algo na série iniciada por Franklin J. Schaffner em 1968, a inconveniência poderia dar certo – e se não desse, seria descartado sem ofensas. Registrar a origem do domínio símio tem sua ousadia, mas também tem sensatez, o que torna a investida duvidosa do cineasta Rupert Wyatt, a partir do roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver, num projeto certeiro a pretensão projetada. “Planeta dos Macacos: A Origem” deslumbra a mitologia criada e utiliza da tecnologia atual para criar um início digno e certeiro a dimensão da importância da história desta saga no cinema.


Will Rodman (James Franco) é um cientista a ponto de descobrir uma cura para o Alzheimer através da fórmula ALZ112. Os testes são feitos em chimpanzés e os resultados estão cada vez mais promissores. Não somente apresentam melhorias nas células comprometidas do cérebro demenciado, mas potencializam funções cognitivas. A representação disso nos é mostrada em um filhote o qual acompanharemos por alguns anos percebendo sua inteligência superior comparada a de crianças da mesma idade. A troco de quê essa fórmula está sendo estudada? Não desejando apenas arrecadar milhões com a provável cura, Will tem o motivador em casa, seu pai, o pianista Charles Rodman (John Lithgow) caminhando para um estado vegetativo. O filme, nesse ato, nos revela a impossibilidade de mudança e o que os humanos são capazes de fazer para buscar contornos. Nos mostra, também, a relação com o outro, o apego, a necessidade de acolhimento e o cuidado. Afinal, a incansável pesquisa de Will tem a mesma lógica de um dos macacos agredindo os cientistas num laboratóo de um dos macacos fugir agredindo os cientistas num laboratado. gumas coisas no sua inteligrio numa cena inicial. Proteger.


O diretor Rupert Wyatt de “A Escapada” explicita relações em seu filme, colocando frente a frente o homem e o animal. Will, após receber negativas na empresa sobre sua descoberta, se vê obrigado a cuidar de um filhote de chimpanzé temporariamente. Logo, anos se passam e mais do que um animal de estimação, o macaco, nomeado César, torna-se parte da família e entra em conflito sobre seu papel, não compreendendo exatamente o que é, uma vez ter de ficar todo o tempo preso em casa. O vínculo formado na família Rodman é intenso, mesmo que César ainda seja um objeto de estudo. De inteligência impressionante, mas detendo força e violência explosiva, César, embora dócil, representa um perigo na sociedade, e não é a toa que supra a imagem de um líder quando ao lado de semelhantes. Seu nome, aliás, foi atribuído por Charles graças a Júlio César, o ditador do romance de Shakespeare visto sobre uma penteadeira.
Os efeitos distribuídos no filme são perfeitos. César criado pela tecnologia em CGI, impressiona pela autenticidade de formas próximas a dos humanos. Andy Serkis, famoso principalmente por viver Gollum em “O Senhor dos Anéis”, vive o símio com autoridade, emprestando seus movimentos e expressões faciais colidindo real e imaginário. Ele rouba completamente a cena, ficando ainda melhor quando interage com outros macacos, entre eles um Gorila e um Orangotango, este último é conhecedor de libras. Essa ligação disposta entre os macacos só acontece quando César é capturado e em cativeiro, preso em jaulas, inicia uma espécie de doutrina sobre os outros símios, demonstrando sua potencial liderança e talento, o que antecipa cenas enérgicas, espantosas e de faculdade tática capaz de fazer o público amante de artes de guerra suspirar com o que acontecerá a São Francisco. O homem enquanto vilão tem a imagem de Tom Felton (“Harry Potter”) como ostentação.


O ideal de liberdade proposto é brilhante. A fotografia de Andrew Lesnie enaltece os animais no meio da cidade. A trilha de Patrick Doyle reforça cenas de combate e ameniza nos momentos mais ternos. A vista que César tinha do sótão era um símbolo de sua condição enquanto um animal que, embora tivesse limitações espaciais, gozava de liberdade. Seu desenho na parede após enjaulado e a marca deixada em placas representando a janela a qual passava horas observando virou estigma de sua gana e de todos os outros animais que almejavam libertação, o que reside numa crítica direta ao uso de animais como cobaias em experimentos, levando-os a morte ou rendendo-lhes severas cicatrizes. Nessa origem, tem início uma guerra cujo resultado é conhecido por quem assistiu aos outros filmes da série. O homem coadjuva os protagonistas símios, são eles as vítimas de nossa ordem moral. A natureza se confronta com o interesse e não é ela quem perde.

O vigor narrativo do trabalho de Wyatt entusiasma. A essência humana é contidamente exibida em breves momentos em que o homem tem seu espaço na tela. É com certo desprezo e falta de crença na humanidade que se constituiu essa saga. Nós somos as vítimas do que nós fazemos. A história de colher os frutos cabe aqui. Mas, “Planeta dos Macacos: A Origem”, traz um pouco mais: além de deixar claro que a história está acontecendo no futuro através da notícia sobre o homem em Marte, traz também a individualidade como cerne, o distanciamento entre as pessoas. Sozinhos, fracos; juntos, fortes. A lição propagada por César corrobora o preço da desunião. E que momento sensível foi aquele em que o chimpanzé procurou unir Will Rodman com a veterinária Caroline (Freida Pinto) num dos atos mais compassivos da trama. Este é um filme que comprova que é possível conceber uma super produção utilizando de aparatos inteligíveis, com uma boa história para se contar. “A Origem” somou um prelúdio digno ao que é a história de “O Planeta dos Macacos”. Sua metáfora humana é condizente a nossa arbitrária realidade.

Há uma cena durante os créditos que fecha o longa ilustremente.

3 comentários:

  1. Realmente me motivou a ver o filme, ótima resenha!

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  2. Parece ser um bom filme de ação, mas duvido que chegue aos pés do original.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  3. eu assisti esse filme é muito legal

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