domingo, 28 de agosto de 2011

Proseando sobre... Super 8

 
Se “Super 8” consegue provocar algo é a saudade. Fica quase impossível sair da sessão sem que uma melancolia nos tome lembrando do tempo de criança, das aventuras, brincadeiras, primeiros flertes e ansiedade. Tudo isso acontece no filme e é absolutamente cômico e nostálgico. Somos convidados a acompanhar, de início, um velório. Sua causa não é clara, mas suficientemente capaz em abrir margens para um ciclo de relações entre pais e filhos, intenção do núcleo da narrativa. No centro da história estão o policial local Jackson Lamb (Kyle Chandler) e seu filho Joe (Joel Courtney), estremecidos e agarrados a um passado irreversível. 

5 crianças estão filmando um curta de zumbi. Inevitavelmente confusos, ainda precisam chamar uma garota para protagoniza-lo e não poderia ser outra a não ser uma que desperta o interesse da turma, Alice Dainard, vivida pela sempre ótima Elle Fanning. A relação proposta no grupo e os olhares de contemplação focados na menina são grandes atributos da narrativa que evoca o primeiro amor e a admiração sufocante. Assim, empenhados em vislumbrá-la com a câmera Super 8, na hora certa, acabam presenciando um gravíssimo acidente de trem. O perigo ao invés de assustá-los, os fascina diante a curiosidade infantil sobre o caso. No entanto, circunstâncias os obrigam a manter segredo. 

Valores impostos no longa acentuam traços recorrentes da filmografia de seus realizadores – sobretudo do produtor Spielberg – e propõe uma homenagem aos filmes oitentistas. Como não lembrar da expedição dos garotos em “Conta Comigo”? Ou das luzes e militares de “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”? Ou do próprio “ET” em sua elaboração? São referências óbvias que sintonizam a nova geração com o que foi outros tempos onde brincadeiras rolavam, em sua maioria, fora de casa, numa diversão coletiva, movimentada e sorridente. No longa, a aventura é expoente: dentro do trem, residia uma criatura guardada pela força aérea americana e agora ela está a solta pelo pequeno município, ocasionando desaparecimentos e destruições. O diretor e roteirista J.J. Abrams usa da fórmula de seu “Cloverfield” para esconder a identidade e forma do monstro, revelando-o em lapsos e explicando pouco a pouco sua origem e razão. 

Filmado para remeter a filmes imortais, este projeto singelo de teor fantástico, recria seguramente a época, a transição dos anos 70 aos 80 – e destacam-se as músicas de sucesso utilizando de Lionel Richie até o Walkman como novidade. A produção é impecável. As atuações, por sua vez, contidas. Estão ali caricaturas como o soldado enfurecido, o pai ausente e o chapado boa praça que, devido sua condição precária, perde todo o espetáculo. É um trabalho revitalizante de um gênero cuja jornada proposta vai de encontro aos ideais outrora estabelecidos, movidos principalmente pela curiosidade e possibilidade de alguma descoberta. Os túneis e o segredo escondido sinalizam outra obra, “Os Goonies”. Aqui, fica também a mensagem da necessidade de seguir em frente, tocar a vida e se desprender do passado, esvair, deixar ir.

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