sábado, 20 de agosto de 2011

Proseando sobre... Lanterna Verde


Lanterna Verde” chega atrasado ao país, vem trazer a história de um dos mais curiosos heróis da DC Universe e entra de cabeça num mundo completamente idealizado, o planeta Oa onde residem os guardiões do universo. Lá se reúnem os Lanternas Verdes, cada qual representando um povo, entre eles aparecerá um terráqueo. Já na terra, um teste nas alturas denuncia a irresponsabilidade e o temor de um jovem piloto, Hal Jordan (Ryan Reynolds) que, exibicionista, arrisca a pele para não sair por baixo durante a apresentação de um projeto. Jordan será o escolhido para usar o poderoso anel que fora do Lanterna Abin Sur, mas para converter-se em um verdadeiro Lanterna Verde, também terá que mudar de conduta e assumir, de vez, a maior das responsabilidades, defender seu mundo, atributo que necessita de coragem, bravura e vontade.     

Demonstrando sua total falta de apego a mulheres e a família, – seus irmãos e a loira que acorda ao seu lado no primeiro ato simplesmente desaparecem do filme – Hal parece se interessar unicamente com sua vida, pouco se importando com eventos exteriores e julgamentos morais a seu respeito, uma vez estar ciente de seu status irretocável por ser filho de um famoso e idolatrado piloto morto num acidente. Esse acidente, aliás, ganha tremenda importância na primeira metade do filme, sendo esquecido posteriormente, comprometendo algum teor dramático sério e complexo que poderia se encarregar do personagem. Se não bastasse tantos equívocos do roteiro de 4 escritores, ainda não entendemos qual é a de Carol Ferris (Blake Lively), inicialmente aversiva ao personagem de Reynolds para logo após se revelar uma admiradora fiel e apaixonada do rapaz.

Se falta alguma liga nesse roteiro quebradiço, ao menos há alguma ação e efeitos especiais contagiantes, porém não rebuscados. A caracterização de Oa é luxuosa, seus habitantes também são fortalecidos com personalidade e riqueza de detalhes, – destaca-se Sinestro (Mark Strong) – e o uniforme do Lanterna Verde é outro trunfo certeiro. O filme se vale da técnica para esconder a história toda atropelada e de conteúdo limitado, o que piora quando percebemos algum potencial desperdiçado como as imagens inconscientes que surgem em momentos de grande estresse em Hal Jordan, ou a relação entre o cientista Hector Hammond (Peter Sarsgaard, o grande nome do filme) e seu pai, o Senador Hammond (Tim Robbins). Hector demonstra uma total mágoa diante sua expectativa em fazer parte da ação dos planos do país, mas por ser desacreditado pelo pai, sempre figurou em segundo plano. Sarsgaard é inteligente ao montar o caráter e habilidades de seu personagem, pouco a pouco transformando-se num vilão deforme, perdendo espaço unicamente devido a Parallax, um monstro de dimensão assombrosa, que faria frente a Kraken.

Priorizando os efeitos e a ação embutida, o diretor Martin Campbell (de “Cassino Royale” e “Contra GoldenEye”) explora contidamente as possibilidades de seu herói, uma vez que, ao criar o que quiser com o anel, poderia abusar da criatividade, o que influiria diretamente no orçamento. É interessante notar a criatividade do protagonista relacionada a situações de seu cotidiano, como os caças, a pista de carros e socos. Ryan Reynolds tem carisma, dá credibilidade ao Lanterna Verde e imortaliza seu nome como o herói no cinema. Num filme em que mais do que percorrer seu destino portando o anel dos escolhidos, busca tratar de virtudes humanas e o quão essas podem ser influentes. O medo como vilão é um argumento valioso, mas muito mal aproveitado. Se vier uma segunda parte, que traga a essência do universo de Lanterna Verde e não apenas os efeitos custosos para parecer interessante. 


Um comentário:

  1. Pois é Marcelo, o filme não é totalmente uma bomba, mas parede que esforça em ser. Faltou coragem dos diretores e roteiristas em explorar melhor esse herói da DC, não sei se por preguiça, não sei se por falta de recursos mesmo. Vai entender!

    ResponderExcluir