Alguns personagens são eternos. Alguns marcaram o cinema por seus papéis enquanto crianças/adolescentes e, nesse dia 12 de Outubro, vale a pena relembrar alguma dessas personalidades:
terça-feira, 12 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Proseando sobre... 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
Opinar sobre aborto é incitar discórdias. Quando o tema é expresso no cinema não fica diferente. O desconforto do público é visível, cabendo a ele o julgamento. É sobre esse assunto que o filme "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", disponível em DVD, ilustra com tanta precisão, ao abordar o drama de Gabita (Laura Vasiliu), grávida, pretendendo praticar o aborto, em pleno comunismo na Romênia, ato considerado criminoso no país.
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O aborto em questão |
Ela recorre a sua amiga Otilia (Anamaria Marinca) e juntas partem em busca de uma solução para o problema. O ano de 1987 é retratado com o comunismo perdendo a força, mas ainda em vigor, com duas estudantes a procura de um abortamento clandestino, até encontrarem Sr. Bebe (Vlad Ivanov), que ao descobrir que Gabita está com a gravidez mais adiantada do que havia lhe dito, decide cobrar um preço muito maior pelo serviço. A polêmica em torno da narrativa se reforça com a violação moral detalhada nas exigências de um homem que aparece como solução - também trazendo punição. A personagem de Laura está decidida, reconhece as consequências e se mostra disposta abortar, embora muitas vezes receie e relute.
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A expulsão do feto: filme incomoda |
O diretor Cristian Mungiu nos presenteia com um drama sólido e denso, não recorrendo a moralidades para concluir sua obra. O estrago é feito e o que fazer com ele irá inflamar a história. Para isso, o filme divide-se em dois grandes momentos: a expulsão do feto e sua destinação. O longa incomoda pela originalidade, com cenas tão verossímeis e personagens tão intensos que na angústia da história compartilhamos de seus sofrimentos. A ausência de trilha é mais um atrativo aproximando o filme da realidade, demandando repulsas e frustração.
O sofrimento não cessa, sendo esse capaz de fazer com que alguns deixem de ver o filme, atormentando por concepções inatas tão presentes e demasiada valorativas. Mungiu não desperdiça a segurança do roteiro com planos absortos, revelando a hombridade de uma amizade (discutível em outros aspectos) se fartando de detalhes corroborando as atitudes de suas personagens, realizando perturbadoramente o aborto.
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Anamaria Marinca impressiona |
É um clímax extasiado pela surpresa e pela revolta, imensuravelmente aflita, provocando um terror particular no público que rejeita, impulsionando convicções que se confundem fortalecendo um chocante silêncio. É aí que o talento de Anamaria Marinca se eleva, nos convidando a fazer parte daquele universo fatigante, o qual a câmera ritmamente segue em planos seqüenciais inesquecíveis. "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" foi o grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2007. Esquecido pelo Oscar, também não se popularizou. Seu marco é sua estrutura e sua ousadia em não tomar partido, apenas exibindo fatos e permitindo discussões acerca de sua polêmica, oferecendo debates inesgotáveis. Preservando os diálogos, os gestos e o silêncio, Cristian Mungiu cria uma obra prima que coloca o aborto em questão de modo como nenhum outro filme havia feito.
sábado, 9 de outubro de 2010
Cinema: o que vem por aí... (003)
Johnny Depp filmando no Brasil?
Michelle Monroe ou Marilyn Williams
O astro Johnny Depp pode estar a caminho do Brasil... entretanto, problemas de agenda podem afastar o ator do novo filme da diretora oscarizada Kathryn Bigelow. O filme "Triple Frontier" deve ter algumas locações por aqui, tanto que a diretora esteve em Foz do Iguaçu à procura de locações para seu filme. As filmagens devem iniciar em breve, o que atrapalharia a participação de Deep que estará filmando "Dark Shadows", outra parceria com Tim Burton. Seguem as negociações e novidades devem sair em breve!

O filme que contará os dias de Marilyn Monroe na Inglaterra enquanto filmava “The Prince and the Showgirl” juntamente a Laurence Olivier, foi intitulado como “My week with Marilyn”, baseado no livro homônimo de Colin Clark. Os dias da eterna musa longe dos holofotes de Hollywood foi registrado por Clark que trabalhava como assistente de filmagens na época. Quem ficou com o papel da atriz foi a ex de Heath Ledger, Michelle Williams e essa semana saiu a primeira foto da loira como Marilyn. O longa é dirigido por Simon Curtis.
Deep e Jolie juntos
A refilmagem “O Turista”, dirigida por Florian Henckel von Donnersmarck, estréia no Brasil em Janeiro de 2012 e já tem alguns trailers divulgados. A história conta sobre a fria que o personagem de Johnny Deep irá entrar logo após conhecer uma mulherm vivida por Angelina Jolie. Segue o Trailer aqui
Darren Aronofsky é o cara
Um dos diretores sensação da atualidade, responsável por obras como “Pi” e “Réquiem para um Sonho”, anda tendo seu nome ventilado entre os estúdios logo após filmar “Black Swan”, que deverá ser sucesso em breve e poderoso no Oscar 2011. O diretor foi cotado para estar por trás das câmeras do próximo “Superman”, também de “Preacher” e principalmente do novo “Wolverine” com o intuito de resgatar a dignidade do herói que teve um primeiro filme solo pífio. Mas, pelo jeito, o cara vai assumir outra fita: “The Tiger: A True Story of Vengeance and Survival”, baseado num livro. Fala de um tigre devorador de gente que aterroriza uma população Russa. É esperar para ver...
O aracnídeo ganhando elenco

Léa Seydoux será a missão impossível de Tom Cruise
Léa Seydoux, a francesa protagonista de “A Bela Junie”, vai estar no quarto filme da franquia “Missão Impossível” e será uma atraente vilã ao lado do ator Michael Nyqvist. O filme que já deu início as gravações, terá Tom Cruise novamente como Ethan Hunt e é dirigido por Brad Bird.
Até!
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Proseando sobre... O Último Exorcismo
“O Último Exorcismo” bebe da fonte de outros filmes do gênero, especialmente “O Exorcista” de 1973. Não se esconde a semelhança, sendo uma espécie de homenagem carregando atributos atraentíssimos para quem gosta de terror. E quando cartazes enfeitaram os cinemas em todo o país, muitos já se ligaram que a coisa devia ser feia. A perspectiva objetivada de um filme como esse é basicamente assustar, e pensar que o longa se destacou nas bilheterias é outro ponto positivo selando definitivamente o convite: é hora de irmos ver um filme de horror nos cinemas.
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Pastor descrente se depara com uma força diferente |
Dirigido por Daniel Stamm e escrito pela dupla desconhecida Huck Botko e Andrew Gurland, o filme ganha status documental a partir de uma câmera em punho, aproximando de horrores atuais como o elogiado espanhol “Rec”. A história inicia e se prolonga com o reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) em um de seus exorcismos. Declarado descrente quanto à possibilidade de demônios tomarem corpos, o religioso, adorado por uma comunidade, parte para aquele que seria seu último exorcismo, determinado a provar a farsa quando recebe uma carta de socorro para salvar uma menina, Nell Sweetzer (Ashley Bell). O pastor aposta na artificialidade de equipamentos reforçadores da expulsão demoníaca gerando a sensação de paz e amparo aqueles atormentados, seja lá por quais razões, de seus surtos pouco compreendidos.
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"O último Exorcismo" soa documental |
Cotton narra essa caminhada rumo a uma pequena cidade no interior junto a uma equipe acompanhando a picaretagem de seus feitos. A câmera registra todos os seus atos e não economiza em closes e em materiais que produções de documentários necessitam. Quando se deparam com um jovem atirando pedras em sua caminhonete, a equipe toma um susto acompanhado do público imediatamente associando um provável início de tensão sobre os olhares desconfiados de personagens cheio de crenças e superstições. É um prólogo do horror denunciado cujas pretensões, já exploradas em trailers virais, não surtem tanto efeito. Resta a expectativa e ela consome todo o filme.
A temática exorcista se mistura a um amontoado de situações. Questões como o incesto sugestiona hipóteses resultando em discussão sobre a saúde mental. Representações assombrosas equivalem à dúvida de caráter patológico e religioso, deixando o terror esperado de lado para emergir em alguns pouquíssimos momentos. “O Último Exorcismo” decepciona enquanto promessa de reler narrativas demoníacas, transformando-se num exemplar moderno de distração não muito diferente dos aflitos “Contatos de 4º Grau” e “Atividade Paranormal”. O artifício documental promove possibilidades da fita ser real, e embora frustre diante as aspirações de seu público, é suficientemente corajosa em garantir um desfecho autêntico, o que não quer dizer agradável, mas certeiro e incômodo quando lembra da possibilidade de ser verdadeiro.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Proseando sobre... Mary e Max - Uma Amizade Diferente
O improvável se faz presente na animação “Mary e Max – Uma amizade diferente” pela distância de sua idéia nos dias atuais, porém, não muito diferente da lógica a qual estamos envolvidos quando trata-se de meios de comunicação. Se hoje, a proximidade, embora individualizada, se manifeste através da internet, em um tempo nada remoto – ainda existente em contextos especiais – eram cartas que mantinham relações e é em cima delas que a animação em stop motion do Australiano Adam Elliot irá se modelar.
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Max sozinho na cinzenta Nova York |
Dois são os personagens que moverão o filme: primeiro a pequena Mary Daisy Dinkle, australiana solitária, que carrega uma mancha de nascença e é apaixonada por chocolate. Passando a maior parte do tempo brincando sozinha, observa a ausência do pai num trabalho enfadonho e suas manias pessoais (como embalsamar pássaros mortos); e sua mãe, uma alcoólatra cuja vaidade esconde sua adicção e os constantes furtos, compreendidos pela garota como empréstimos. Em outra ordem, no ocidente, na cinzenta Nova York, um homem melancólico morando num apartamento escuro acompanhado de animais. Frequentador de um grupo terapêutico, metódico, convive com a síndrome de Asperger e de outros transtornos obsessivos. Esse é o quarentão Max Jerry Horovitz vivendo numa singularidade sofrida e amargurada.
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Mary é amante de chocolate |
O interação improvável desses dois só acontece quando, no correio, aleatoriamente Mary escolhe um nome numa lista e grava o endereço desejando mandar uma carta a um desconhecido com questões infantis e fantásticas como: “como nascem às crianças nos Estados Unidos?”. Munido de um climão perpassando o bizarro, através de estilizações de personagens de massa, o filme incita uma tristeza incomum em animações, despertando questões filosóficas e religiosas de forma nada sutil, utilizando de um humor negro brando em suas entrelinhas. A graça do projeto se dá nessa diferenciação, em sua originalidade e criatividade, colocando em jogo um caráter racional, embora brinque com fantasia. Essa valiosa, estranha e perpétua amizade ganha um sentido fascinante.
Genial em seu desempenho e desenvolvimento, o roteiro não se preocupa em dar soluções às angústias pessoais de seus profundos personagens, amontoando questões ao longo dos anos durante a troca epistolar que atravessa continentes, levando dias, restando a expectativa da demora enquanto a vida de ambos passa. Os dois contextos são explorados com intensidade mórbida, ao mesmo tempo que brinca com dilemas da vida, característica de seu diretor (vencedor do Oscar pelo curta “Harvie Krumpet”). Recheado de significados, “Mary e Max” detém um universo alternativo dentro das animações que implica numa dimensão inovadora, imaginativa e intensa no limite o qual poucos filmes do gênero conseguem nos proporcionar.
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