quinta-feira, 31 de julho de 2014

Proseando sobre... Planeta dos Macacos: O Confronto

Em 2011 o diretor Rupert Wyatt ressuscitou a  franquia Planeta dos Macacos. Este veio com o subítulo: A Origem. Através dele conhecemos um grande personagem, um dos mais importantes da ficção científica que lhe garantiu status de ícone do gênero: inteligente, centrado, justo e forte, um exemplo convincente de liderança. Foi um grande filme que trouxe à tona uma versão absolutamente atual sobre os experimentos com símios e os resultados que praticamente condenaram a vida humana na Terra. Já esse Planeta dos Macacos: O Confronto dá continuidade trazendo os humanos em extinção. Anos se passaram e as cidades vazias são vistas cobertas por poeira e vegetação. Os poucos humanos resistentes possuem tolerância ao vírus que dizimou os continentes. Seguimos novamente o chimpanzé Caesar, protagonista do primeiro, agora líder de uma grande tribo que pouco a pouco desenvolve-se em sociedade num terreno com regras e política.

Chama atenção o quanto a trama dessa franquia é bem construída. O roteiro se atém plenamente nas motivações dos vários personagens, busca nos apresentar a evolução do grupo de macacos super inteligentes com o dialeto, a caça, a pesca, a elaboração de ferramentas, o desenvolvimento político. Todas essas são conquistas que a tribo alcançou em um pouco mais de 10 anos após os eventos na ponte de São Francisco. Os mesmos personagens estão ali, propensos ao crescimento de sua população sem intervenções ou ameaças, até que alguns humanos aparecem atrás de energia numa barragem abandonada, local próximo onde os macacos estão instalados. Negociações se somam nessa narrativa bem conduzida, retratando as relações entre homens e macacos, suas proximidades e seus interesses que novamente irá opô-los.   

A ira de alguns desses macacos referente ao passado tenebroso que tiveram divide grupos. As motivações são distintas, em nome da guerra alguns se exaltam. Em benefício da paz, outros clamam e se propõem a tudo. Dentro do mesmo grupo, a discordância se eleva enquanto os humanos, fortemente armados, mas em quantidade populacional inferior, assistem e sofrem. É um retrato histórico da própria humanidade após a evolução. Tudo em O Confronto são referências óbvias ao que as pessoas fizeram ao longo de sua caminhada até os dias atuais, sacrificando-se em nome de poder. Com o roteiro bem amarrado ao filme anterior e que ainda deixa brechas para a conclusão da trilogia, esse prequel da franquia maximiza ainda mais a simbologia da arte de O Planeta dos Macacos, com tantos efeitos fabulosos e com um elenco brilhante, comandado pelo genial Andy Serkis. O longa ainda conta com o célebre antagonismo de Gary Oldman.


Valorizado pelo interesse em demonstrar uma nova civilização se formando, este novo trabalho dirigido por Matt Reeves, o cara responsável pela boa refilmagem Deixe-me Entrar, investe na ruptura da possível coexistência entre humanos e macacos. Se pensávamos crentes nessa possibilidade, então o texto nos surpreende com a gana odiosa de um dos líderes, favorecendo batalhas proeminentes que acentuam o mecanismo de conservadorismo ideológico, sobrepondo admirações em nome da aniquilação total de uma raça, agora, considerada inferior. A violência toma conta delineando diretamente a ótica de seu primeiro filme, O Planeta dos Macacos de 1968. Tudo, ao que parece, se repetirá nessa nova proposta evolutiva. Diante tantas discussões efervescentes sobre as escolhas dos homens e onde elas os levaram, a obra acaba por ser um retrato congruente da desumanização da espécie. Nesse âmbito, em meio a suntuosos efeitos e abarcado por uma história engenhosa, o filme se equivale e trabalha sua reflexão com notável propriedade. 


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