Em 2011 o diretor Rupert Wyatt ressuscitou
a franquia Planeta dos Macacos. Este veio com o subítulo: A Origem. Através dele conhecemos um grande personagem, um dos mais
importantes da ficção científica que lhe garantiu status de ícone do gênero: inteligente,
centrado, justo e forte, um exemplo convincente de liderança. Foi um grande
filme que trouxe à tona uma versão absolutamente atual sobre os experimentos
com símios e os resultados que praticamente condenaram a vida humana na Terra.
Já esse Planeta dos Macacos: O Confronto
dá continuidade trazendo os humanos em extinção. Anos se passaram e as cidades
vazias são vistas cobertas por poeira e vegetação. Os poucos humanos resistentes
possuem tolerância ao vírus que dizimou os continentes. Seguimos novamente o
chimpanzé Caesar, protagonista do primeiro, agora líder de uma grande tribo que
pouco a pouco desenvolve-se em sociedade num terreno com regras e política.
Chama atenção o quanto a trama
dessa franquia é bem construída. O roteiro se atém plenamente nas motivações
dos vários personagens, busca nos apresentar a evolução do grupo de macacos super
inteligentes com o dialeto, a caça, a pesca, a elaboração de ferramentas, o
desenvolvimento político. Todas essas são conquistas que a tribo alcançou em um
pouco mais de 10 anos após os eventos na ponte de São Francisco. Os mesmos
personagens estão ali, propensos ao crescimento de sua população sem
intervenções ou ameaças, até que alguns humanos aparecem atrás de energia numa
barragem abandonada, local próximo onde os macacos estão instalados.
Negociações se somam nessa narrativa bem conduzida, retratando as relações
entre homens e macacos, suas proximidades e seus interesses que novamente irá
opô-los.
A ira de alguns desses macacos referente
ao passado tenebroso que tiveram divide grupos. As motivações são distintas, em
nome da guerra alguns se exaltam. Em benefício da paz, outros clamam e se
propõem a tudo. Dentro do mesmo grupo, a discordância se eleva enquanto os
humanos, fortemente armados, mas em quantidade populacional inferior, assistem
e sofrem. É um retrato histórico da própria humanidade após a evolução. Tudo em
O Confronto são referências óbvias
ao que as pessoas fizeram ao longo de sua caminhada até os dias atuais,
sacrificando-se em nome de poder. Com o roteiro bem amarrado ao filme anterior
e que ainda deixa brechas para a conclusão da trilogia, esse prequel da
franquia maximiza ainda mais a simbologia da arte de O Planeta dos Macacos, com tantos efeitos fabulosos e com um elenco
brilhante, comandado pelo genial Andy Serkis. O longa ainda conta com o célebre
antagonismo de Gary Oldman.
Valorizado pelo interesse em
demonstrar uma nova civilização se formando, este novo trabalho dirigido por
Matt Reeves, o cara responsável pela boa refilmagem Deixe-me Entrar, investe na ruptura da possível coexistência entre
humanos e macacos. Se pensávamos crentes nessa possibilidade, então o texto nos
surpreende com a gana odiosa de um dos líderes, favorecendo batalhas
proeminentes que acentuam o mecanismo de conservadorismo ideológico, sobrepondo
admirações em nome da aniquilação total de uma raça, agora, considerada
inferior. A violência toma conta delineando diretamente a ótica de seu primeiro
filme, O Planeta dos Macacos de
1968. Tudo, ao que parece, se repetirá nessa nova proposta evolutiva. Diante tantas
discussões efervescentes sobre as escolhas dos homens e onde elas os levaram, a
obra acaba por ser um retrato congruente da desumanização da espécie. Nesse
âmbito, em meio a suntuosos efeitos e abarcado por uma história engenhosa, o
filme se equivale e trabalha sua reflexão com notável propriedade.
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