segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Proseando sobre... Lembranças



A australiana Emilie de Ravin faz par com Pattinson
O astro teen do momento, Robert Pattinson, aproveita a fama para divulgar seus filmes e levar milhares ao cinema. Bom para os produtores. Em “Lembranças”, filme do diretor Allen Coulter, ele vive um papel bem mais maduro e com forte teor dramático, mas infelizmente se mostra limitado. Não há muito o que discernir de seu personagem com o da “Saga Crepúsculo”. Os olhares, gestos e trejeitos são os mesmos. Um grande protagonista se apaga diante a falta de acuidade de um ator que ainda não desempenhou um grande papel no cinema. Mas isso não faz o filme ruim.

É verdade que a história apressada e a pouca exploração de seus principais casos frustram. Mas a direção hábil permite que o filme caminhe instigando reflexão, apesar do tema surrado: Tyler Hawkins (Pattinson) é um jovem que ainda lamenta a morte de seu irmão mais velho, não escondendo sua ira por seu pai Charles (Pierce Brosnan) o qual inegavelmente culpa. E pior, vê os mesmos erros de Charles estar afetando sua irmãzinha Caroline (Ruby Jerins), sua grande adoração. A ausência paterna, tema abundantemente usado no cinema, faz contraste com a vida de um jovem perdido que funciona como um pai para Caroline, entre conselhos e passeios, encontrando nela algumas boas razões para continuar e não tomar o mesmo rumo que o irmão: o suicídio.

A pequena Ruby Jerins rouba a cena
A história sempre busca expulsar a tristeza de seus personagens – lembranças traumáticas de suas vidas – através do apoio de um com o outro. A construção do roteiro se funda nos laços de segurança de duas famílias que se ligam por uma ação isolada inusitada, após umas confusões em que Tyler se meteu numa noite com o rigoroso Sargento Neil Craig (Chris Cooper). “Lembranças” é um drama romântico estável cuja força reside em seu ato final. Um choque para os mais emotivos, condensando a história a um dramalhão feroz utilizando de metáforas e passagens reflexivas de Gandhi. Com um grande elenco, destaque para a graça da jovem Ruby Jerins, o filme esconde seus vários problemas técnicos pelas atuações convincentes e seus acontecimentos abarrotados.  

Caroline tem umas particularidades que o roteiro sabota abandonando um possível grande trunfo do longa. Afim da arte e com interesses diferenciados, ela se afasta dos comportamentos comuns das amigas de sua idade acabando por ser desprezada. Outra deixa é a inviabilidade do relacionamento do casal central. A cena a qual Tyler conquista a filha do sargento, Ally, vivida pela australiana Emilie de Ravin, é particularmente embaraçosa. O que se segue então é uma outra instância dramática vinculada ao ato inicial numa tragédia horrenda. Os horrores pessoais irão caminhar coexistindo na percepção do casal central que aqui, a despeito de seu encontro fugaz e seu futuro previsível, irá se materializar como uma fuga de um passado sofrido para se tornar um futuro incerto, mas esperançoso. Lições de moral se destacam dentro de um patamar de opressão cujos oprimidos dão gás ao filme em sua melancolia.

Um comentário:

  1. Bom drama. O final, apesar de apelativo, consegue pegar de surpresa.

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

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