O cineasta Oliver Stone decidiu desenterrar um de seus grandes sucessos, “Wall Street”, e trouxe às telonas nesse ano uma continuação daquele filme de 1987 que rendeu o Oscar a Michael Douglas por seu papel como Gordon Gekko. Douglas está de volta apadrinhando dessa vez Jacob Moore, vivido pelo garoto sensação Shia LaBeouf. O filme parte 8 anos após a prisão de Gekko que, numa tomada inicial, é apresentado recolhendo alguns pertences e saindo de vez da prisão. Do lado de fora ninguém o espera. O tempo passou – e tempo é a única coisa maior que o dinheiro segundo o próprio personagem. Tem início o retorno desse homem a sociedade, ainda lembrado pelos poderosos de Wall Street. Atrás de compensações, escreve um best seller e dá palestras para jovens investidores.
Gekko encontra Jacob em uma dessas palestras e logo descobre que trata-se do noivo de sua filha Winnie (vivida pela encantadora Carey Mulligan). Descobre também o talento desse rapaz se reconhecendo em suas ambições e fineza gananciosa. Há uma inferência nas intenções de ambos: Gordon Gekko quer resgatar o amor de sua filha que o culpa pelo suicídio do irmão; Jacob Moore deseja vingar a morte de seu mentor e responsabiliza o multimilionário Bretton James (Josh Brolin). Os dois negociam a troca das habilidades do personagem de Douglas pelo perdão de Winnie.
Acompanhar a jornada desses empreendedores não é uma tarefa fácil para os espectadores leigos a respeito das finanças norte americanas e o movimentado mercado de ações, deixando o assunto muitas vezes confuso ao fazer uso de termos técnicos específicos de seus envolvidos. Oliver Stone explora a correria da bolsa de valores e sua mutação alarmante, recordando o episódio da crise de 1929. A agilidade do roteiro escrito pela dupla Allan Loeb e Stephen Schiff até dribla a falta de clareza dos argumentos, mas não consegue desembaraçar o tema naturalmente complexo. Ao longo de seus 130 minutos, há manejos de câmeras específicas do diretor e efeitos que atraem a atenção do público – alguns são claras metáforas inspiradas a respeito do boooom que está para acontecer. Nesse ponto, Stone celebra um feito criativo, apesar de cenas que deprimem o ritmo dinâmico ascendente.
